Por José Carlos Castro Sanches
“ O silêncio é a gentileza do perdão que se cala e espera o tempo. ” (Joana de Angelis)
Meditando antes de escrever, sem saber exatamente o que dizer. Comecei a bater as teclas do meu computador, resoluto e instrospecto, buscando encontrar uma resposta para o silêncio que parecia tomar conta do meu recanto, e preocupado com o tempo que teima em dizer-me que devo ter pressa, e que sempre estou atrasado.
Enquanto o tempo seguia incólume, lento e sereno deixando o rastro de melancolia e tristeza para os apressados e, de alegria e felicidade para aqueles que lentamente degustavam, o saboroso mel da liberdade vivendo a essência da vida, fazendo o que gostam, amando o que fazem, conquistando um patamar de transe e sabedoria que parece inspiração divina para descrever o indomável e inaudível silêncio do tempo.
“Podemos curar qualquer mal com dois remédios: o tempo e o silêncio. ” (Alexandre Dumas)
Sem me apavorar pelas horas que sugavam as minhas energias e, dilaceravam a minha mente sonolenta, impus-me, num delírio de graciosidade a extravasar os pensamentos vagos, como se fosse a obra pronta de um poeta encantado pelo tempo infinito ou finito, eterno ou efêmero, num espaço abstrato ou real, celestial ou fúnebre. Enquanto a palavra escrita e apagada, sobrevive a todos os tormentos e lamentos; renascendo da fênix para tomar posse do seu lugar de destaque na crônica sonolenta do lacônico escritor assombrado pela arte, desequilibrado entre os extremos opostos do pensamento. Ora acordado, outra dormindo, sem, portanto, prescindir da pena sorrateira que flutua leve como as nuvens, sobre o papel; que cego para as ideias e aberto para o mundo aceita todas as elucubrações.
“Toda arte é um problema de equilíbrio entre dois opostos. ” (Cesare Pavese)
Deitado na inquietude da mente, experimentava a insensatez do silêncio querendo limitar a minha criatividade; enquanto o lado sábio da minha consciência duvidava da ignorância daqueles que acreditam na verdade absoluta, em detrimento da dúvida que eleva o conhecimento.
“O ignorante afirma, o sábio dúvida, o sensato reflete. ” (Aristóteles)
Cansado, o tempo foi tragado pelo silêncio. Depois então, em consolo noturno, seguido de um sono profundo, diziam-se um ao outro que juntos seriam capazes de curar qualquer mal.
Não fosse a estupidez para guardarmos dentro de nós o silêncio, em vez de liberarmos a voz e dizermos a verdade sobre o que pensamos, seríamos certamente livres, leves e fluidos. Mas, nos apegamos à gentileza do perdão e nos calamos à espera do tempo certo que talvez, nunca chegará.
“Temos, há muito tempo, guardado dentro de nós um silêncio bastante parecido com estupidez. ” (Eduardo Galeno)
A palavra foge ao vento, sobrevoa o tempo, enquanto o silêncio é eternidade, ingenuidade, benevolência ou maldade. No meu pensar fisiológico, não filosófico, o tempo e o silêncio; ora se confundem com lucidez e insanidade, outra com eternidade e transitoriedade. Partindo da premissa de que o tempo e o silêncio são criação da limitada mente humana na tentativa de justificar a morte, a efemeridade da vida e as vaidades humanas.
Afinal, porquê damos tanto valor ao tempo, e pouco valor ao silêncio?
Aproveite o silêncio revelado por Deus e, cada minuto, porque o tempo não volta. O que volta é a vontade de voltar o tempo.
Neste tempo de pandemia, o silêncio e o isolamento podem ser a melhor a melhor solução.
“Algumas vezes é preciso silenciar… sair de cena… E esperar que a sabedoria do tempo… termine o espetáculo…” Enquanto a vida segue como as ondas do mar, ora crista, ora vale, a depender da ação do vento que maneia o tempo e interrompe o silêncio. É melhor prevenir que remediar!
“A palavra é tempo, o silêncio é eternidade. ” (Maurice Maeterlinck)
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.
São Luís, 16 de março de 2020.
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