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Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

MEDO DA VACINA: LIÇÕES APRENDIDAS!

Por José Carlos Castro Sanches  

 “A coragem conduz às estrelas, e o medo à morte. ” (Sêneca)

Uma tenebrosa nuvem de incertezas passa pela humanidade. Vírus indeterminado, ideologias acirradas, preconceito com os tratamentos preventivos e medicamentos usados há séculos sem prescrição médica que passaram a ser excluídos, negados e “pandemoniados”, enquanto a história se repete na panaceia das vacinas que remete aos tempos da varíola, peste negra, gripe russa, gripe espanhola, dentre outras. Homens e mulheres usados como cobaias, sem a certeza das consequências, ao receberem o suspeito soro salvador, que denominarei “Elixir da Felicidade” para os que têm a oportunidade de serem vacinados pela Sinovac/Coronavac (China), Oxford/AstraZeneca (Reino Unido), Pfizer/BioNTech (EUA/Alemanha), Moderna, Novavax e Johnson (EUA), Covaxin (Índia), Sputnik V (Rússia), entre outras aprovadas e em teste nos diversos países ao redor do mundo. 

Estamos entre a cruz e o punhal, diante do Coronavírus que se assola por todo o mundo e frente às vacinas que duvidamos da eficácia em decorrência das várias cepas que a cada dia se desenvolvem. O medo e a histeria causada pela pandemia fazem com que nos entreguemos à incerteza da vacina, porque supõe-se que teremos maior chance de sobrevivência se aderirmos à segunda hipótese, ou seja é mais provável ser vitimado pelo Covid 19, que pela vacina, tudo não passa de especulação de um leigo.

“Se tiver coragem, eu me deixarei continuar perdida. Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo. Quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação. ” (Clarice Lispector)

Assim, me senti como gado encurralado, entre as cercas, sem saída, no corredor estreito do matadouro. Sem opção de escolha, fiquei ali naquela espera por horas, querendo desistir, mas tomado pelo pavor do arrependimento que poderia advir, entreguei-me à sorte, nas mãos da enfermeira insegura com uma ampola, seringa e agulha a espetar o meu braço direito. Não sabia se deveria rir ou chorar, eu estava entregue à benevolência divina, que certamente saberia o destino de todos aqueles que ali estavam à procura da vida saudável, distante do amaldiçoado vírus que atormenta a todos, encerra sonhos e destrói famílias.

“Mas o que parecia medo era a coragem me dando as boas-vindas, me acompanhando naquele recuo solitário, quando aprendi que toda escolha requer ousadia…” (Martha Medeiros)

Lembrei-me que certa vez ao visitar um matadouro, vi o gado tangido e espetado pelo maldoso homem, que os fazia avançar a contragosto pelo estreito corredor da morte. Era incrível a reação dos animais, pareciam saber o destino, resistiam bravamente, se amuavam, queriam voltar na passarela do inferno, todavia eram impedidos – só havia um caminho a seguir “a morte certa”. Ao final do passadiço, uma pistola injetava ar comprimido na cabeça do moribundo que caía sem vida, em segundos. Por alguns minutos me vi como aqueles animais, sem saber o que fazer, diferentemente deles tomei a decisão de assumir o risco: tomei a vacina AstraZeneca. Agora só restava esperar o resultado.

Como disse Robert Louis Stevenson: “Guarde seus medos para si mesmo; com os outros, compartilhe a coragem. ” Contrario esse aforismo, com o propósito de compartilhar aprendizados, conhecimentos, experiências e lições aprendidas com a vacina. 

“Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não a ausência do medo. ” (Mark Twain)

Eu, estava preocupado, apesar de todas as orientações médicas recebidas e do incentivo de familiares. Eram 14h de 27 de abril de 2021, quando recebi a 1ª dose da vacina no estacionamento do São Luís Shopping, em seguida passei na AMEI para adquirir o livro “ A outra parte de mim” do amigo poeta Barbosa Ribeiro e pagar pelo estacionamento do veículo. Depois segui para casa, tentei tirar um cochilo – não consegui, só pensava nos efeitos colaterais da vacina. Então, fiz a leitura do referido livro, que acabara de adquirir, em seguida sentei-me frente ao computador e pus-me a escrever as crônicas: Superlua Magnética; 28 de abril: Dia Mundial da Segurança no Trabalho, até o anoitecer. Jantei um pouco, nada sentia senão uma certa agonia, como se o corpo estivesse reagindo aos efeitos da vacina.

Ao deitar comecei a sentir dores musculares no peito e tórax, fui dormir preocupado, antes, liguei para dois amigos médicos que me orientaram sobre os possíveis efeitos e o que fazer em caso de necessidade. Por volta das 22h tomei um comprimido de Paracetamol, passei a noite às claras, movendo-me de um lado para o outro da cama, sem sono. Amanheci cansado da noite mal dormida.

Levantei-me no dia seguinte mais dolorido, sem febre, com dormência no braço esquerdo – a preocupação aumentava – seria algum problema circulatório devido à vacina?

A mente vacilava, incitava a minha dúvida e o medo aumentava. Liguei para um amigo médico que me orientou a procurar um cardiologista e fazer um eletrocardiograma, entretanto, antecipou que não via correlação do sintoma com a vacina, uma vez que não conhecia registro de casos simulares com outros pacientes que atendera. Fiquei mais aliviado, estava sem transporte no momento que fui recomendado ao cardiologista e decidi não ir naquele momento, minha esposa marcou uma consulta para dois dias depois.

Agora escrevo neste 29 de abril de 2021, com mais de 50 horas da aplicação da vacina e nada tenho a reclamar, senão uma dor de cabeça distante, tontura, formigamento no casco da cabeça e pequena dor muscular nas costas e peito, pequena dormência no braço esquerdo principalmente ao acordar ou enquanto deitado – que os médicos dizem ser normal – todavia seguirei a recomendação do Dr. Fernando e consultarei o cardiologista se Deus permitir.

“Vou perder o resto do medo de mau-gosto, vou começar meu exercício de coragem, viver não é coragem, saber que se vive é a coragem. ” (Clarice Lispector)

No dia 30 de abril estava me sentido bem, coração acelerado como sempre, fui ao cardiologista, anamnese e exames normais, retomei as atividades laborais feliz da vida. Senti o desejo de sair à noite com a família para comer algo diferente e comemorar a vida. Em 01 de maio dia do trabalho e do trabalhador eu já estava com a energia e vitalidade restaurada e a vida bela continuava. Assim, desejo que a vacina seja fonte de vida e saúde para restaurar a vivacidade, alegria e a esperança de todos os vacinados, que a imunização leve consigo o pavor, o sofrimento, a doença, a morte e o maldito vírus que aniquila vidas e destrói famílias.

“Algumas pessoas foram consideradas corajosas porque tinham medo de fugir. ” (Thomas Fuller)

Enquanto descrevia este relato, pensava sobre os males que o medo associado com a incerteza e a ansiedade provocam nas pessoas saudáveis.  E me detive a uma reflexão complementar com base num livro que leio no momento.

Lembrei-me de uma passagem do Livro “Ariadne contra o Minotauro” de Marie-Odile Hartmann, pg. 56: “Em todo caso eles não viam nenhum meio de fugir. O que fazer, então, senão suportar pacientemente o sofrimento e dormir, esperando a hora do sacrifício?  Mas, nenhum dos prisioneiros conseguiu dormir. Nenhum deles se conformava à triste sorte que os esperava no dia seguinte. Teseu ainda menos que os outros. Ele se via três semanas antes sobre a acrópole de Atenas, sobre os ramos da oliveira sagrada oferecidos pela deusa à cidade. Ele prometera solenemente a seu pai, o rei Egeu, fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para acabar com o Minotauro (N.A. Comparo o Minotauro com a Pandemia do Coronavírus). Foi assim que ele, voluntariamente, passou a fazer parte do grupo das vítimas. E todos confiavam nele: sozinho, já não havia livrado a Grécia de perigosos bandidos que infestavam as estradas? Agora, o destino lhe confiava uma tarefa mais difícil, já que se tratava de um monstro com força redobrada. A imagem de seu primo Hércules, o herói dos Doze Trabalhos, não lhe saia da cabeça: se pudesse igualar-se a ele! Assim, se uma boa alma descesse a escada pelo alçapão e convidasse gentilmente Teseu para fugir, ele se recusaria indignado: viera de livre e espontânea vontade enfrentar o Minotauro, nem sequer cogitava perder esse duelo. ”

“A vida é maravilhosa se não se tem medo dela. ” (Charles Chaplin)

A descrição acima me fez sair da clausura e limitação do pensamento negativo, de perda, de submissão, de se sentir vencido; para a ação de superação, pensamento positivo, força interior e superioridade para agir com determinação, vencer as batalhas e ganhar a guerra. Assim, como Teseu, eu recebi o convite para fugir da vacina, e me recusei, não por coragem, mas por medo do vírus. Afinal, fui de livre e espontânea vontade para o posto de vacinação e não deveria arriscar o futuro pelo medo do presente. Não poderia perder a oportunidade de enfrentar e vencer o Minotauro, travestido de Coronavírus. Enquanto Teseu sequer cogitou perder o duelo, eu deixei que essa ideia tomasse folego na minha mente – e o que era medo, se transformava em pavor de uma simples vacina. Até que uma força interior se manifestou e lançou para os quintos dos infernos a tormenta, e o poderoso Deus colocou em seu lugar a razão, a coragem e a sabedoria para vencer o próprio medo.

“Todos os homens têm medo. Quem não tem medo não é normal; isso nada tem a ver com a coragem. ” (Jean-Paul Sartre)

Refletindo sobre o poder que o pensamento negativo exerce sobre nós, fiz uma analogia com o labirinto (N.A. Aqui comparo o labirinto com a minha mente), onde vivia o Minotauro, extraindo outra passagem do mesmo livro, na pg. 137, descrevo-a: “Provavelmente, o fascínio que o labirinto exerce até hoje está relacionado com o jogo entre racionalidade e desorientação. O labirinto é construído, é projetado por Dédalo, um cientista de seu tempo, de maneira intencional e consciente. Mas, a obra da inteligência serve para produzir desorientação, o erro, a perda, o engano. Por isso, a solução empregada por Ariadne é tão fascinante. Ao desenrolar o novelo de lã é como se o labirinto se abrisse e se desdobrasse, é como se ele mesmo fosse um novelo se desenrolando… O desenrolar do novelo de Ariadne nos encanta por sua simplicidade. O labirinto só é complicado para quem está dentro dele e não tem nenhuma ligação com o lado de fora. No momento em que a conexão com o lado de fora se estabelece, revela-se o segredo. Por isso, Teseu jamais poderia vencer o Minotauro sem a ajuda de Ariadne, sua conexão com o lado de fora do labirinto, seu “salvo-conduto”. Podemos dizer, então, que Teseu vence o Minotauro no momento em que conquista o coração de Ariadne. Só a força do laço amoroso poderia garantir a Teseu um caminho seguro para dentro e para fora do labirinto. Além disso, Ariadne reconhece que a causa de Teseu é justa. O mito também nos diz que o amor e a justiça andam juntos. ”

“A coragem alimenta as guerras, mas é o medo que as faz nascer. ” (Émile-Auguste Chartier)

Aqui, comparo Ariadne com os profissionais: médicos, enfermeiros, psicólogos, psicanalistas que poderão nos ajudar a reforçar as ideias positivas, pensar fora da caixa, elevar a autoestima diante dos problemas, conflitos e adversidades que se apresentam nestes dias de aflição, dor e pandemia.

Se como Ariadne eu tivesse simplificado as preocupações de entrar no labirinto usando como referência um novelo de lã, em vez de estar preocupado com as mudanças constantes no labirinto, certamente não teria sofrido antes de experimentar a vacina. A antecipação da dor criada pelo pensamento negativo, gera angústia, sofrimento desnecessários. A fantasia do imaginário é mais dolorosa que a realidade, na maioria das vezes. Como dito: “o labirinto só é complicado para quem está dentro dele e não tem nenhuma ligação com o lado de fora. No momento em que a conexão com o lado de fora se estabelece, revela-se o segredo. ”  Se descomplicássemos mais, e complicássemos menos as coisas, os pensamentos, as percepções; a vida seria bem mais simples, e certamente seríamos felizes por mais tempo.

“O tempo não cura feridas, só ajuda a cicatriza-las. A cura de todo mal está dentro de cada um de nós, nos cabe então busca-la numa jornada interior, dia após dia. A cicatriz é apenas uma tatuagem que conta uma história e a cura, um estado de superação que conta toda uma vida. ” (Desconhecido)

São Luís, 29 de abril de 2021. Revisado 02 de abril de 2021.

José Carlos Castro Sanches É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense Membro Efetivo da Academia Ludovicense de Letras – ALPL

Autor dos Livros da Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou, e da Trilogia da Vida: No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever; Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro! Disponíveis na Livraria AMEI do São Luís Shopping ou através do acesso à loja online www.ameilivraria.com.

Visite o site: falasanches.com e a página Fala, Sanches (Facebook) e conheça o nosso trabalho como escritor, cronista e poeta.

NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS29.04.2021. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual amparado pela lei nº 9.610/98 que confere ao autor Direitos patrimoniais e morais da sua obra.

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