Por José Carlos Castro Sanches

            Vivo num paralelo entre dois polos, numa encruzilhada entre a cruz e o punhal, viajando ora carregando algodão, ora carregando sal. O peito apertado, a mente saltitante, o corpo com espectro de luz e sombra, cambaleante como bêbado e confiante como águia.

            A vida soluça entre a certeza e a dúvida, o bem e o mal, o amor e o ódio, a verdade e a mentira, a realidade, o sonho e a fantasia, o desejo e a ação, o concreto e a utopia, a beleza e a feiura, o medo e a coragem, a sanidade e a loucura, o canto e o pranto, a falsidade e a lealdade, a fraqueza e a força, a alegria e a tristeza, o míssil e a poesia, a omissão e a inspiração, o pensamento e a ausência, o trabalho e o ócio, a razão e a emoção, a floresta e o sertão, o desprezo e a saudade, a melancolia e a felicidade, o espinho e a rosa, a fraternidade e a maldade, o oásis e o deserto, a humildade e a vaidade…

           Por vezes, me vejo como aquele animal carregado de sal que subitamente passa pelo riacho e sai leve, sorridente, eufórico, esperançoso, vibrante, feliz, cônscio da sua capacidade de resiliência.

          Em outras oportunidades, me sinto como um burro carregando algodão que ao cruzar o córrego absorve a água e sobrecarrega o corpo, refreando/reprimindo os movimentos rápidos, dificultando a caminhada – tornando o fardo pesado demais, quase impossível de ser carregado.

            Logo vem o sol, o vento, a sabedoria e a vontade de vencer as adversidades, remover as pedras do caminho, superar desafios e mostrar ao mundo que não nasci para perder – nasci para ser mais que vencedor.

            Ainda que a vida nos ofereça a água, o algodão, a luz, o brilho e as estrelas, quem determina o caminho que deve seguir somos nós. O palco e o pódio poderão ser lugares de sucesso ou infortúnio. Cabe a cada um fazer a melhor escolha para tornar a vida mais leve e prazerosa carregando sal ou algodão e decidindo por onde caminhar.

São Luís, 20 de outubro de 2021.

José Carlos Castro Sanches

É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.

Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Associação Maranhense de Escritores Independentes, da União Brasileira de Escritores e do PEN Clube do Brasil.

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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS20.10.2021. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.