Por José Carlos Castro Sanches
Site: www.falasanches.com
Um Pai ensina o filho a pescar!
“Feito o pescador também é o poeta
sentado às margens dos rios de versos
esperando o fisgado das palavras
para pescar entrelinhas.” ( Raquel Ordones)
Eu queria contar uma história de pescador neste Dia dos Pais, mas dizem que estória de pescador nem sempre é verdadeira, então resolvi criar uma narrativa que associasse um pai a um pescador, destacando as virtudes que se assemelham entre ambos e que fortalecem os seus papéis. Nesta crônica, busco induzir a uma reflexão sobre algumas qualidades e características que devemos exercitar enquanto nos ocupamos do nobre e divino oficio de ser pai.
Queria também poder escrever algo diferente do tradicional. Dizer que querer ser pai é diferente de ser. Fazer o papel de pai, pode até parecer ser pai, mas também não é. Apoiado nas minhas convicções, princípios e juízo de valores, sem fantasia, sem cacófatos, nem metáforas, irei me deter a descrever o que considero ser um pai.
Posso afirmar por experiência própria que pai, não é um ser perfeito, tampouco deve-se esperar dele a perfeição; não é o dono da verdade, portanto, pode errar; assume um compromisso com o futuro dos filhos, independentemente de como possa ser percebido por eles; traduz na linguagem simples do amor tudo que faz, podendo ser duro e inflexível quando se fizer necessário em benefício da honra, da dignidade, humildade, tolerância, sabedoria e magnanimidade dos seus brotos.
Seguindo os passos do respeito, da integridade, ética e responsabilidade: um pai de verdade é aquele que por meio do exemplo conduz o seu rebanho para os melhores pastos, oferecendo às suas ovelhas o alimento não apenas para saciar a fome orgânica, mas o néctar de melhor qualidade para sustentar o intelecto e desenvolver o conhecimento, a inteligência e o entendimento dos seus rebentos.
Um pai real, de verdade, de carne e osso não é um semideus, portanto, dele não se pode esperar a salvação da família, a ele cabe orientar, dar a segurança, rumo, direção, sentido, ser a bússola, o cajado, o martelo e o açoite, se necessário para castigar sem ferir; abençoar sem perder a essência da realidade da vida, sem permitir o desvio de caráter, a mentira, a sodomia e as más influências para os pôsteres.
Um pai visionário acredita que os seus filhos são capazes de voar sozinhos, deve então, dar-lhes asas, incentivo, nem sempre financeiros; desenvolver a confiança, a fé, a capacidade realizadora e criativa; a honestidade, a força e a coragem para superar os desafios e adversidades que a vida lhes apresentar.
Um pai que busca a realização e o crescimento da sua família deve ser paciente sempre que puder manter essa virtude, tampouco deverá se abster desta quando os limites do bom senso forem extrapolados, afinal além de pai é humano e existe o limiar entre a serenidade e inquietação, equilíbrio e exaltação, razão e emoção.
Além do amor incondicional, um pai deve se esforçar para desenvolver e praticar algumas qualidades essenciais para o bom cumprimento da missão. Mesmo sabendo que um bom pai, não é perfeito, ele tem deveres e responsabilidades e deve fazer o melhor pelos seus filhos.
Como um pescador é recomendado para um pai exercitar a paciência (Marcos 15.15,16); ter coragem (Coríntios 9.16); ser perseverante (II Timóteo) e sábio (Provérbios 11.30), dentre outras características não menos importantes, tais como: ser um pai presente; construir uma relação afetiva; não ser autoritário, mas ter autoridade; assumir a responsabilidade; participar sempre; cuidar de perto; cuidado com a permissividade (saber impor limites); ser um exemplo (pelo que diz e faz); nunca prometer o que não pode cumprir; aprender a dialogar com seu filho; elogiar mais e criticar menos; quando errar, peça desculpas; seja verdadeiro sempre; ser transparente, franco e honesto. Cuidar, educar e amar acima de tudo. Deve seguir a premissa de Virgílio: “Filho lego-te a virtude, a pena que não mente. Outros ensinar-te-ão a felicidade. ”
Ainda que não seja um pai perfeito, assim como eu não sou, deixo estas poucas linhas para a nossa reflexão na tentativa de sermos melhores pais a cada dia para que os nossos filhos possam reproduzir com orgulho aquilo que receberam, e na impossibilidade de realizarmos a árdua missão atendendo às expectativas dos filhos que pelos menos sejamos capazes de permitir aos mesmos que desenvolvam o poder da gratidão para com aqueles que diante das adversidades da vida foram capazes de nos permitir chegar até aqui. Torcendo para que em breve eles possam assumir o mesmo papel e perceberem que o ciclo se reproduz com as mesmas oportunidades, porém, por mais limitado que possa parecer o papel de alguns pais, em sua maioria, tem algo muito mais profundo do que a superficialidade da matéria que se chama: amor incondicional dos pais pelos filhos. O bom pai ensina o filho a pescar. Deus nos faz pescadores na pesca do pai com os filhos e com os netos. Assim penso eu!
Um Provérbio Chinês induz a sabedoria paterna, em poucas palavras bem aplicadas ao dizer: “Dê um peixe a um homem e você o alimentará por um dia. Ensine-o a pescar e você o alimentará por toda a vida. ”
Desejo a todos um feliz dia dos pais!
São Luís, 03 de agosto de 2020.
Revisado em 09 de agosto de 2024.
José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes e Academia Vianense de Letras. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de liberdade.
Autor dos livros: Tríade Sancheana – Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das coisas que vivi na serra gaúcha, Me Leva na mala e Divagando na Fantasia em Orlando. Participa de antologias brasileiras.
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS03.08.2020. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.