PRIMEIRO CAPÍTULO: AEROPORTO CUNHA MACHADO

“A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos. ” Fernando Pessoa

Estávamos arrumados para a viagem à serra gaúcha, munidos de roupas de frio, malas a mais da conta, disposição para curtir alguns dias na cidade de Gramado, Canela, Caxias do Sul, Bento Gonçalves e arredores. 

Pegamos um UBER com um motorista pouco experiente na sua terceira idade,com pouca habilidade ao volante, tampouco vitalidade para carregar malas pesadas e encontrar espaço na mala do pequeno veículo. Mas, era gentil, esforçado e cheio de boa vontade. Diante da necessidade de renda extra para alimentar a família e completar o ganha pão, fez-se solicito e nos transportou de casa até o Aeroporto Internacional Cunha Machado em São Luís do Maranhão, onde ao chegar, tivemos um pequeno problema para resolver antes de embarcar.

Minha neta estava com uma identidade que constava o nome da sua mãe, como solteira e a atendente da empresa aérea, no ato de realizar o check in, não permitiu o embarque, precisava da certidão de nascimento impressa, para comprovação da maternidade, apesar de constar no passaporte que estava em suas mãos. Estávamos a poucos minutos da viagem e tivemos que passar no Juizado de menores, do aeroporto, para obter a autorização para viagem da minha neta. 

Ficamos ansiosos com a possibilidade de não ser aprovada a viagem, uma vez que estávamos todos no mesmo voo e não poderíamos deixar para trás a nossa parceira de viagem. 

A impossibilidade da viagem geraria um transtorno significativo uma vez que já havíamos acertado hotel, translado, dentre outros compromissos em Gramado – RS. O re-agendamento da viagem inviabilizaria a nossa participação nos programas natalinos, adquiridos com antecedência, naquela bela cidade da serra gaúcha. 

O moço, gordinho e simpático do Juizado de menores, encontrou uma rápida solução e nos deu uma autorização assinada pela mãe da minha neta, para que a mesma pudesse viajar com a sua avó que nos acompanhava. A historia parece confusa mas foi assim que fizemos e seguimos viagem ao nosso destino: Gramado.

Quando ocorreu o pequeno entrave, logo pensei em desistir da viagem e permanecer em São Luis, seria uma boa desculpa para não viajar de avião, coisa que abomino. Neste caso gosto do destino, não da viagem, prefiro as viagens de carro porque posso curtir as paisagens e escrever sobre o que vejo. 

“Os homens se dividem em duas espécies: os que têm medo de viajar de avião e os que fingem que não têm. ” Fernando Sabino

Estou tentando superar esse maldito medo, e a forma mais fácil é descrevendo as causas, antecedentes, e, detalhes tentando compreender o motivo desta fobia que azeda os meus passeios causando apreensão e aversão às viagens neste transporte seguro chamado avião.

Aqui vou dar uma pausa para explicar um fato relevante que orgulha a todos nós brasileiros neste pais gigante, onde a criatividade aflora na mente dos cientistas, estudiosos e pessoas simples como a gente.

“Sempre acreditei que o inventor deve trabalhar em silêncio; as opiniões estranhas nunca produzem nada de bom. ” Santos Dumont

O avião foi inventado por um engenhoso brasileiro que gostava de voar chamado Alberto Santos Dumont, de Palmira Minas Gerais. Que no dia 20 de setembro de 1898 realizou o primeiro voo de um balão com propulsão própria. 

O homem era estudioso e decidido e prosseguiu criando novas possibilidades para fazer um bicho de asa dura ficar suspenso no ar. Dentre inúmeros inventos deu prosseguimento ao seu intento com grandes contribuições para a aviação. 

“Não se espante com a altura do voo. Quanto mais alto, mais longe do perigo. Quanto mais você se eleva, mais tempo há de reconhecer uma pane. É quando se está próximo do solo que se deve desconfiar. ” Santos Dumont

Em abril de 1902, Santos Dumont viajou para os Estados Unidos onde visitou os laboratórios de Thomas Edison e foi recebido pelo Presidente Theodore Roosevelt. 

Em 23 de outubro de 1906, no campo de Bagatelle, o 14-Bis voou por uma distância de 60 metros, a três metros de altura e conquistou a taça Achedeacon. Uma multidão de testemunhas assistiu a proeza e no dia seguinte toda imprensa louvou o fato histórico. O dinheiro do prêmio foi distribuído para seus operários e os pobres de Paris, como era de costume do inventor. Ele era um homem de grande generosidade e uma mente brilhante para a criatividade. 

“Inventar é imaginar o que ninguém pensou; é acreditar no que ninguém jurou; é arriscar o que ninguém ousou; é realizar o que ninguém tentou. Inventar é transcender.” Santos Dumont

Seguimos a nossa viagem ao destino desejado, curtimos as belas paisagens e relaxamos por alguns dias naquela região fria e bela que a natureza floriu com hortênsias por toda sua extensão, onde o turismo é farto e o chocolate parece ter o sabor do encanto e o natal luz presente em cada canto. 

“A verdadeira arte de viajar…
A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali…
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!” Mario Quintana