Uma reflexão sobre a efemeridade da vida. O tempo passa voando e a carne é frágil como a casca do ovo. Boa leitura e reflexão!
Uma dúzia de ovos podres
Podia valer um vintém
Quem poderia dizer
Que por dentro não valeria nada
Não fosse a capa branca
Que escondia a podridão
O ovo estaria saudável
Dentro da escuridão
A essência da vida é frágil
Como a casca branca do ovo
No fundo nós somos carne
Mortais, efêmeros de barro
Com a alma volúvel ao vento
Que sopra ligeiro sem rumo
A casca que nos cobre é a pele
Vulnerável como a própria vida
Blindada pela carne fraca
Que encobre músculos e ossos
Sustentando uma carcaça
De que vale o orgulho e a soberba?
Se não passamos de adubo
Folhas secas, bactéria e verme
Ovos podres sobre a mesa
Que não valem um vintém
Nestes tempos tão ingratos
Onde só se vale o que se tem
Com um olhar otimista
Disse Fernando Pessoa
“Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena”
A escolha é sua
Tem dois lados o vintém
Cara ou coroa?
É o que tem
José Carlos Castro Sanches
São Luís, 04 de dezembro de 2019.