Por José Carlos Castro Sanches
“Criar uma criança é fácil, basta satisfazer-lhe as vontades. Educar é trabalhoso. ” (Içami Tiba)
Um garoto da 6ª. Série primária fazia uma prova numa escola onde eu participava como fiscal de sala. Era um concurso público para acesso a um colégio cobiçado do Planeta Netuno, último planeta do Sistema Solar, escuro, frio e azul, distante do Sol, trinta vezes mais distante do que da Terra para o astro. Leva 164 anos para dar uma volta completa em torno do Sol, bastante diferente dos 365 dias da Terra. O planeta de menor IDH do Sistema Solar, perdendo até para o Planeta Bovino, distante a 450 Km.
O menino realizava a prova preocupado com uma mensagem clara que o pai disse a ele antes de sair de casa: “Se você não passar nesse concurso vai pegar a maior surra da sua vida”. Contou ele à enfermeira que ao aferir sua pressão arterial, surpreendida com o valor 14 X 9, para um bambino daquela idade.
Imaginem o desespero do aluno que mal sabia somar 5 mais 5, devido ao medo do resultado e a expectativa da prometida “sova” quase certa, após o resultado.
Ainda existe pai que não sabe criar e educar um filho, imagina que pressionando, batendo e agindo com aspereza obterá êxito na missão, supõe que tudo se resolve com afronta e violência.
“Não eduques as crianças nas várias disciplinas recorrendo à força, mas como se fosse um jogo, para que também possas observar melhor qual a disposição natural de cada um. ” (Platão)
Fiquei comovido com o estado de ansiedade e medo daquele indefeso estudante, num planeta onde a educação está distante de ser uma prioridade, tampouco a garantia do aprendizado de aritmética básica e fundamentos elementares da língua pátria que eram avaliados nas provas de matemática e português que o apreensivo infante se atrevia a realizar, com pouco ou nenhum conhecimento.
Provavelmente ele buscava a resposta certa entre cinco opções, sem o domínio da leitura, interpretação de texto e das quatro operações aritméticas fundamentais. Associado à pressão indevida e maldosa do pai, destemperou-se diante do desafio, que requeria equilíbrio, paciência e conhecimento para ser superado.
O bom exemplo constitui o melhor e mais eficaz sistema de educar os filhos. ” (Textos Judaicos)
Ele imaginava que após a maratona escolar, o seu pai o esperava para castigá-lo, naquele suposto inferno, com o nome de lar. Como poderia o inocente manter a pressão arterial normal e a concentração para realizar uma boa prova? Ainda que tivesse todos os requisitos para ser bem-sucedido, na condição exposta jamais obteria êxito. Valha-nos, Deus!
“Aquele a quem a palavra não educar, também o pau não educará. ” (Sócrates)
O pai malvado, talvez na sua estupidez tenha esquecido ou desconheça o significado da verdadeira educação e a importância de incentivar o filho para tornar-se capaz de enfrentar serenamente os concursos da vida.
Se o meu pai tivesse agido assim, certamente eu não teria prosperado e aprendido que educar é amar. Como disse Içami Tiba: quem ama, educa!
“Não será preferível corrigir, recuperar e educar um ser humano que cortar-lhe a cabeça? ” (Fiódor Dostoiévski)
São Luís, 15 de dezembro de 2020.
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.
Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras – ALPL
Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, A Vida é um Sopro, Gotas de Esperança e outro dez livros inéditos.
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