Por José Carlos Castro Sanches
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(Do Livro: A Vida é um Sopro!, p. 172 a 175, de autoria de José Carlos Sanches, dedicada ao amigo e confrade Ferreira da Silva)
“Poeta não é somente o que escreve. É aquele que sente a poesia, se extasia sensível ao achado de uma rima à autenticidade de um verso. ” (Cora Coralina)
Certa vez conversando com um amigo letrólogo, pedagogo e administrador, nas horas de folga escritor, poeta, teatrólogo e jornalista perguntei-lhe, a propósito, como ele se definiria numa frase ou palavra. Queria a partir desta informação escrever algo sobre ele. Imaginava que tivesse uma resposta pronta, mas o ilustre poeta, soube se “camuflar”, usou de subterfúgio e saiu pela tangente com a seguinte resposta: talvez seja como um camaleão buscando me adaptar a todas as situações, essa dica foi o suficiente para iniciar esta crônica que dedico ao nobre beletrista. Boa leitura e reflexão!
“O amor é a poesia dos sentidos. Ou é sublime, ou não existe. Quando existe, existe para sempre e vai crescendo dia a dia.” (Honoré de Balzac)
Neste curto período de tempo que convivo com o homenageado pude perceber que ele realmente se assemelha ao réptil a que se referira, visto que pequeno, pitoresco e muito habilidoso, o camaleão é a prova viva de que, no reino animal, não importa o tamanho para ser espetacular.
O grande poeta camuflado se confunde com a sua missão. Um homem responsável, prudente, coerente, severo, rígido, integro e ético. De semblante sério e coração mole. O silencioso trabalhador solitário carrega a sua obstinada, crédula e desafiante cruz, como se fora aquele que percorreu a “Via Crucis” no calvário, depois libertou-se da prisão do mundo dos traidores e se fez livre para a eternidade. O cordial poeta a quem me refiro busca elevar a cultura, promover a arte, a literatura e a poesia, entre os seus pares e próximos naquela comunidade de Paço do Lumiar, onde por força do destino tornou-se referência nas letras, cultura e arte. Apesar de ter nascido em São Luís, decidiu assumir como sua a singela cidade de Paço do Lumiar, onde preside a Academia Luminense de Letras e reside com os seus familiares.
“Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar. ” (Machado de Assis)
A Academia Luminense de Letras, local onde o conheci, é o seu refúgio. Assim como Pablo Neruda tinha o seu: o barco “ancorado” no penhasco e voltado para o oceano, onde o poeta chileno brindava com os amigos e jogava versos ao vento que soprava em Isla Negra. O local foi seu último refúgio.
O amor que o poeta tem pela academia é perceptível pelo carinho e devoção, além de proprietário da área, o mesmo sente-se senhor daquela instituição à qual dedica parte do seu precioso tempo na busca incessante de dar-lhe vida e promover a cultura, a arte e a literatura entre os comunitários, confrades e interessados, apesar dos desafetos.
“Empenhar-se ativamente para alcançar determinado objetivo dá à vida significado e substância. Quem quiser vencer deve aprender a lutar, perseverar e sofrer. ” (Bruce Lee)
O que ele faz com tanto empenho, se confunde com orgulho e altivez. O conheci numa dessas coincidências da vida, por intermédio do amigo professor Luiz Gustavo Carneiro, avô de Arthur Carneiro Nunes a quem escrevi um poema “Levanta e anda Rei Arthur”, após ter recebido a visita do mesmo em minha residência. Arthur é filho de Lilia da Silva Carneiro, que é filha de Luiz Gustavo. A conheci numa viagem de São Luís a Nova Jerusalém – PE, durante uma excursão de ônibus. Nesta viagem escrevi o meu primeiro livro: Colheita Peregrina, escrito em 10 dias, contando todo o percurso no trajeto de ida e volta de São Luís a Nova Jerusalém e a Via Crucis, naquele maravilhoso espetáculo a céu aberto.
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina. ” (Cora Coralina)
Conheci o iluminado poeta ao visitar a Academia Luminense de Letras, e naquela oportunidade tive uma boa primeira impressão do anfitrião, que me acolheu com atenção e simpatia, parece até que já nos conhecíamos e éramos amigos de longas datas. Como dizem, foi um pouco de amor à primeira vista, sem a maldade dos impuros.
“O valor do homem é determinado, em primeira linha, pelo grau e pelo sentido em que se libertou do seu ego. ” (Albert Einstein)
O amigo de poucas palavras, até que lhe seja dada a oportunidade, é um estudioso, competente leitor das mais variadas obras. Sempre tem um bom livro de cabeceira e boas histórias das leituras que faz para nos contar. Vejo-o como um poeta peregrino ambulante, aquele que faz o que gosta por devoção. A pedalar pelas ruas do Maiobão, com a sua bicicleta enferrujada, com vestes simples, sandália de couro e humildade. Septuagenário, casado, pai de dois filhos, cinco netos, apreciador da literatura e, poeta nato, declamador de poemas. Vive a sua saga de idealizador determinado a deixar a sua contribuição para a humanidade. Uma lição de vida a ser compartilhada e, um exemplo a ser seguido.
“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher. ” (Cora Coralina)
Do seu arsenal de competências destacam-se: o teatro e a literatura, onde exercita a sua capacidade criativa. Ao vê-lo na labuta diária para manter a Academia e demais projetos comunitários em que está engajado percebo a sua pureza, franqueza, transparência e humanidade. Um homem de fibra e coragem pautado em valores e princípios éticos, morais e religiosos, capaz de transformar sonhos em realidade, sem se deixar contaminar pelas facilidades do mundo. Ele realmente usa a camuflagem do camaleão para se proteger do mal e fazer o bem.
“O caráter de um homem é determinado pelas suas atitudes! ” (Iris Fernandes)
Diante de tantas qualidades foi muito fácil admirar o guerreiro destemido José Antonio Ferreira da Silva. O destino quis que nos juntássemos para criar a Academia Rosariense de Letras, Artes e Ciências – ARLAC, que neste dia 14 de dezembro realizamos a primeira reunião de formação, com a participação deste que vos escreve José Carlos Castro Sanches, juntamente com os confrades rosarienses Euvaldo de Jesus Pereira, Magno Abreu Aragão, Nisoaldo Castro Silva (Capu), Antonio Cunha, João Egídio Lima Filho, Maria Silene Sousa Ferreira, sobre a orientação e aconselhamento do generoso mestre Ferreira da Silva, a quem passei a ter maior admiração pela atitude exemplar, autenticidade, honestidade, destacada vivência, conhecimento, senso de solidariedade e fraternidade.
“O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes. ” (Cora Coralina)
Juntos temos a oportunidade de propagar conhecimentos, experiências além do horizonte. Minha reverência ao poeta camuflado que como o camaleão tem a capacidade de alterar o pigmento da pele, de acordo com a luz e as cores do seu ambiente. Agora, talvez possa dizer, que este poeta na verdade usa a camuflagem do arco-íris para irradiar luz, brilho e sabedoria em combinações de cores distintas por todo o universo. Seria justo reconhecer as suas virtudes em vida, como poucos fazem, mas prefiro assim. Deus abençoe o poeta camuflado Ferreira da Silva!
“Quando o arco-íris aparecer nas nuvens, eu o verei e lembrarei da aliança que fiz para sempre com todos os seres vivos que há no mundo. ” (Genesis 9:16)
São Luís, 14 de dezembro de 2019.
José Carlos Castro Sanches É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes e Academia Vianense de Letras. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de liberdade.
Autor dos livros: Tríade Sancheana – Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das coisas que vivi na serra gaúcha, Me Leva na mala e Divagando na Fantasia em Orlando. Participa de antologias brasileiras.
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS14.12.2019. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.