Por José Carlos Castro Sanches
Site: www.falasanches.com
“A leitura é, provavelmente, uma outra maneira de estar em um lugar.” (José Saramago)
No período de 1º a 10 de novembro de 2024 ocorreu a 17ª Feira do Livro de São Luís – FELIS, oportunidade em que viajei pelo mundo das palavras, ora como protagonista durante o lançamento dos livros: O Voo da Poesia (Poemas), Divagando na Fantasia em Orlando, Me Leva na Mala e Das Coisas que Vivi na Serra Gaúcha (Crônicas de Viagem), ora como admirador e incentivador da literatura, arte e cultura ao participar de palestras, lançamentos, contemplar os livros nos stands e especialmente reencontrar amigos literatos, parceiros das jornadas acadêmicas e profissionais. “O mundo é um livro, e quem não viaja apenas lê uma página.” (Santo Agostinho)
Vi com extrema alegria, entusiasmo e esperança – dias melhores para a literatura maranhense – a exuberância e o poder dos livros para agregar pessoas de todas as classes sociais, credos, ideologias, sem preconceitos, com destaque para o elevado número de alunos que aportavam naquela praça diariamente para um momento de congraçamento com os livros; participação em palestras e lançamentos de autores locais e nacionais; teatro, dança e literatura em efervescência – tudo junto e misturado numa feira que deveria ser de livros, todavia extrapolou os limites da Praça Maria Aragão, contaminando a todos, leitores ou não com o vírus da leitura, da arte e cultura. Como disse Bill Gates: “Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever – inclusive a sua própria história.”
Quando vejo a palavra “Word” em inglês, percebo que para tornar-se “World”, que corresponde a “mundo” em nossa língua pátria, precisa acrescentar apenas a letra “L”, que inicia a palavra livro.
O livro transforma uma simples palavra, num horizonte de possibilidades e, eleva o conhecimento, partindo de qualquer ponto isolado para o mundo. O livro é assim, tão simples como uma palavra e tão profundo como o universo: “O livro é um mudo que fala; um surdo que responde; um cego que guia; um morto que vive; e não tendo ação em si mesmo, move os ânimos, e causa grandes efeitos.” (Padre Antonio Vieira)
Ontem durante a palestra conduzida pelo filósofo, advogado e escritor Rogério Rocha sobre o tema: Literatura Contemporânea e Novas Tecnologias, mediado pelo acadêmico da Academia Maranhense de Letras, engenheiro e escritor Ewerton Neto e pelo jornalista e comunicador Natanael Castro.
Na oportunidade Ewerton Neto, referiu-se a uma questão levantada durante uma palestra, ao citar que julgava serem os livros substituídos pelas mídias sociais, ao tempo em que foi surpreendido pela resposta do escritor Nascimento Morais, que estava na plateia ao dizer que o livro nunca seria substituído, concluindo que o saudoso escritor estava certo.
Instrospecto e resoluto diante daquela afirmação conclui que um livro nunca será trocado por qualquer outra coisa parecida, ele é sagrado. As ideias poderão sofrer adaptações, o momento da leitura poderá não despertar o interesse de outrora, mas a essência, o fundamento da palavra, da frase, do parágrafo e conteúdo escrito, a sensibilidade do autor, e a lição de vida implícita ou explicita no livro permanecera fluindo entre as páginas, como fluem as águas das nascentes dos rios.
A palavra estará sempre solidificada na pedra, na argila, na areia ou na folha de papel. Seguindo o axioma de James Lowell: “Os livros são abelhas que levam o pólen de uma inteligência a outra. ” Logo depois assisti às apresentação do escritor Sebastião Moreira Duarte, mediada pelo jurista e poeta Daniel Blume, sobre a vida e obra de José Chagas, preciosas informações e referências para engrandecimento do conhecimento sobre o magnífico escritor e poeta.
Para encerrar o dia aprendizado prestigiei o amigo e confrade Antonio Melo e esposa Lourença nos lançamentos dos livros: Os Saca-Trapos e O Vestido de Rosas, histórias simples e encantadoras traduzidas em livros para a posteridade, quem as lê entenderá o que digo. Uma tarde regada a livros e reflexões, traduzindo o que bem disse o filosofo grego Sócrates: “Só sei que nada sei” e a cada dia aprendo algo novo.
Essa é a beleza dos livros e da literatura. A possibilidade de nos permitir divagar entre inteligências, plumas, nuvens, árvores, rochedos, rios, planetas, cometas, fogo, luz, terra, sol…ares e mares.
O livro nos permite a liberdade de criar, sonhar, passear pelo universo, galáxias, constelações, ser estrela, sol, lua; penetrar no fundo da alma; visitar a solidão ou enfrentar as multidões; viver o passado, o presente e flutuar no futuro; viver a infância, a juventude, a idade adulta e a terceira idade com a mesma intensidade. O livro sempre será o melhor companheiro, nunca nos deixará só: “Caminhais em direção da solidão. Eu, não, eu tenho os livros. ” (Marguerite Duras)
O livro é néctar, é brilho, fel, sal e escuridão, depende de como o absorvemos, poderá nos elevar a patamares impensáveis de glória e felicidade ou ao fundo do poço. As páginas recheadas de letras, palavras, parágrafos, ao serem lidas e assimiladas poderão representar benção ou maldição, liberdade ou castigo, um passarinho que canta em harmonia com a natureza bela ou o ruído desarticulado de um avião desgovernado rumo ao chão. Há livro para todo gosto e para cada momento, saiba escolhê-los para cada ocasião e será recompensado. A máxima de Francis Bacon, traduz muito bem o que digo: “Há livros de que apenas é preciso provar, outros que têm de se devorar, outros, enfim, mas são poucos, que se tornam indispensáveis, por assim dizer, mastigar e digerir. ”
A leitura abre novas possibilidades e diversifica o conhecimento tornando as pessoas mais preparadas para enfrentar as adversidades e perceber o mundo e as pessoas com um olhar diferente. “O autor só escreve metade do livro. Da outra metade deve ocupar-se o leitor. ” (Joseph Conrad)
O que parece o encontro das águas do mar com as nuvens é o infinito de ideias que estão à nossa disposição nas páginas de um livro, tornando assertiva a premissa de que no “ No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, livro de autoria deste que vos escreve. Faça da leitura um hábito e aprenda a presentear amigos e familiares com bons livros. A vida é bela e precisa ser potencializada com bons livros. Como asseverou Mark Twain: “O homem que não lê bons livros não tem nenhuma vantagem sobre o homem que não sabe ler. ”
Finalizo esta crônica com uma sábia frase da poetisa e contista brasileira Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, que nasceu na cidade de Goiás, antiga Villa Boa de Goyaz, em 20 de agosto de 1889 e faleceu em Goiânia em 10 de abril de 1985, certamente poucos brasileiros a conhecem pelo nome, visto que usava o pseudônimo de Cora Coralina: “O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes.” Deus seja louvado!
São Luís, 10 de novembro de 2024.
José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Academia Literária do Maranhão, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes, da Academia Vianense de Letras e da Academia de Ciências Letras e Artes de Presidente Vargas. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de amor e liberdade.
Autor dos livros. Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das Coisas que Vivi na Serra Gaúcha, Me Leva na Mala, Divagando na Fantasia em Orlando e O Voo da Poesia. Participa de diversas antologias brasileiras.
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS08.11.2024. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.