Por José Carlos Castro Sanches
Site: www.falasanches.com

“Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar.” (Friedrich Nietzsche)
Certa vez ao visitar um amigo escritor da Academia Maranhense de Letras em sua residência. Ao final de um bate-papo duradouro, agradável e edificante, nos despedíamos à porta do seu apartamento quando ele me fez um pedido inesperado: “Escreva, uma crônica sobre inveja.”. Aquele tema ficou martelando na minha mente, apesar de ter escrito um poema que intitulei “Invídia” e uma crônica denominada “A Inveja é a falta de fé em si mesmo”, publicada no site www.falasanches.com, eu tinha uma pulga atrás da orelha ao volta a tratar daquele tema específico, intrigado com a revelação que faria.
Confesso que esse foi um dos temas que tive mais dificuldade para narrar uma realidade, pelo simples fato: não sei o que é; nunca experimentei conscientemente essa desvirtude, jamais senti algo que possa descrever como invídia, talvez por ter sido treinado desde criança, na casa dos meus pais, a não me preocupar com o que os outros têm, em vez disso deveria manter o foco naquilo que desejava conquistar. Como disse François La Rouchefoucauld: “O indício mais seguro de se ter nascido com grandes qualidades é ter nascido sem inveja.”
Há outro aspecto que certamente é determinante para essa conduta, a sensibilidade para perceber que a conquista do outro não me diz respeito, foi obtida por mérito – se com ética, integridade e honestidade, não sei. A quem interessaria saber? Ao conquistador, que obviamente prestará contas de si mesmo a Deus, pelo que fez. “Contudo, se vocês abrigam no coração inveja amarga e ambição egoísta, não se gloriem disso nem neguem a verdade.” (Tiago 3:14)
Para melhor entendimento sobre a minha aversão à palavra inveja – tenho rejeição ao escrevê-la e ouvi-la; por algum tempo convivi com um colega de trabalho que usava a palavra inveja como açúcar para adoçar a língua e quiçá o seu ego – eu não conseguia entender a predileção dele pelo incômodo vocábulo. Na sua ingenuidade acreditava que todo mundo tinha inveja dele em tudo que fazia, dizia e pensava era invejado; todos ao seu redor eram invejosos. Só bastava falar, perguntar, questionar que logo dizia: “é só inveja moço.” O sujeito era traumatizado ou carregava consigo um sentimento de ressentimento. “Quando o meu coração estava amargurado e no íntimo eu sentia inveja, agi como insensato e ignorante; minha atitude para comigo era a de um animal irracional.” (Salmos 73:21-22)

Enquanto ele julgava os invejosos eu trabalhava, estudava, lia, escrevia, investia no desenvolvimento pessoal e profissional, dormia, tarde, acordava cedo, suava para ganhar uns trocados e sustentar a família, adquirir um terreno, construir uma casa, agia com determinação, bravura; pensava positivamente sobre algo benéfico, proveitoso e vantajoso que agregasse valor à minha vida. Quem está ocupado com uma missão ou propósito dificilmente encontrará tempo para crendices, inveja, mau-olhado, cobiça, ciúme… a inveja é a arma do incompetente, brota em corpo mórbido e cresce em cabeça desocupada. A vantagem é que o invejado sempre leva a melhor e sai na frente, principalmente quando ignora a existência do invejoso. Deixo essa reflexão para o amigo oculto que espero tenha lido o que escrevo para responder ao seu pedido. “Portanto, livrem-se de toda maldade e de todo engano, hipocrisia, inveja e toda espécie de maledicência;” ( 1 Pedro 2:1)
Fui então buscar a resposta nos dicionários, enciclopédias e outras fontes e descobri que a inveja é um sentimento com o qual todos convivem em algum momento da vida. Trata-se de um desejo de possuir o que é do outro, portanto, se caracteriza pelo desgosto e ódio diante da felicidade alheia. Dizem que somos condicionados à ideia de que sentir inveja não é positivo, todavia nada impede que em alguns momentos esse sentimento nasça dentro de nós. O que reputo inapropriado é irrigá-lo, deixar crescer, florescer e saborear os frutos da inveja porque é amargo. Então, pegue a sua espada e combata a inveja: “Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda obra perversa.” (Tiago 3:16).

Caso tenha dúvida avalie os comportamentos comuns de um invejoso: são competitivos e querem estar sempre à frente, ainda que atropelando, pisando, destruindo a todos; não gostam de elogiar aos outros, tampouco vê-los receber elogios; têm prazer em criticar, até uma virgula fora do lugar; desprezam as conquistas dos outros e exaltam as suas, ainda que insignificantes; demonstram infelicidade com o sucesso do outro. “Não sejamos presunçosos, provocando uns aos outros e tendo inveja uns dos outros.” (Gálatas 5:26)
Para piorar a situação dizem as más línguas ou boas línguas sei lá, que existem cinco tipos de invejosos – veja em qual deles você se enquadra: o competitivo; o sarcástico; o que finge está ao seu lado (à espreita); o pessimista e o direto. Se for possível fuja de todos e viva no mundo dos virtuosos ou aprenda a conviver com eles. Admito que a segunda opção é a menos atrativa, porém a conveniente num mundo de falsidade. Como disse o dramaturgo grego Ésquilo: “Há poucos homens capazes de prestar homenagem ao sucesso de um amigo, sem qualquer inveja.”
Pessoas invejosas tendem a reprimir sua raiva e expressá-la de diferentes maneiras. Normalmente essas pessoas têm um péssimo ânimo e fazem de tudo para destruir o que invejam. A causa mais comum da inveja é a baixa autoestima. Quando você elogia e ressalta os pontos positivos da pessoa invejosa, ela percebe que não tem motivo para ficar com inveja. Pratique isso para manter o invejoso envaidecido e parado no tempo enquanto você cresce e prospera rumo ao pódio, compromissado com os objetivos e metas traçados para sua vida de vitórias. Ele dorme, você sonha; ele acorda, você produz; ele observa, você realiza. E a roda viva gira para abençoar quem acredita Nele. Diz a palavra de Deus em Provérbios 14:30: “O coração em paz dá vida ao corpo, mas a inveja apodrece os ossos.”
A inveja é um sentimento tão destrutivo, maléfico e mesquinho, apesar disso infelizmente está presente nas relações entre as pessoas. Por essa razão, busquemos a elevação de nossa fé. Jesus lidou com a inveja perdoando os invejosos. Encerro com a epigrafe do ficcionista, poeta e cronista literário britânico Kingsley Amis, que revelou: “A inveja é um vício mesquinho e sórdido: o vício do condenado que reclama porque o seu companheiro de prisão recebeu uma ração de sopa maior.” Portanto, mantenha-se distante da inveja, pois assim como o fogo queima a lenha, a inveja consome as boas ações e o seu precioso tempo para viver feliz e intensamente sua vida, tão bela e efêmera em vez de desperdiçá-la vivendo a alheia. Deus seja louvado!
São Luís, 31 de agosto de 2023.
José Carlos Castro Sanches
Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas, A Vida é um Sopro!, Gotas de Esperança, Pérolas da Jujuba com o Vovô; Pétalas ao Vento; Borboletas & Colibris (em parceria com Pedro Neto).

Visite o site www.falasanches.com e a página “Fala, Sanches” (Facebook) e conheça o nosso trabalho.
Adquira os Livros da Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou, na Livraria AMEI do São Luís Shopping ou através do acesso à loja on-line www.ameilivraria.com; os livros da Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!, no site da Editora Filos: https://filoseditora.com.br/?s=Sanches

Os Livros “Pérolas da Jujuba como Vovô” (escrito em parceria com minha neta Julie Sanches) e Borboletas & Colibris (em parceria com Pedro Neto) com edição limitada você poderá adquirir diretamente com o autor.
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS31.08.2023. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.

