“Uma palavra escrita é semelhante a uma pérola. ” (Johann Goethe)
Minha filha me contou sorrindo mais uma “pérola” da minha neta Jurubeba. Escrevi e compartilho com vocês mais este aprendizado. Dedico este artigo aos viciados em celular. Boa leitura e reflexão!
“A inocência tem na alma uma pérola, e as pérolas não se dissolvem no lodo.” (Victor Hugo)
Tudo começou assim: Fabi estava sentada no sofá vermelho no “CANTO DA PAZ”. Local que criei em minha casa para os estressados relaxarem. Adivinhem quem foi o primeiro a usar este lugar? Estava ligada no celular como a maioria dos pobres mortais do universo depois que inventaram essa peste que contamina mais que doença infectocontagiosa. Esqueceu do mundo se atualizando das novidades do mundo e da vida alheia quando minha neta Julie chegou para ela e disse: “Mamãe, sai do celular e vai EXPLODIR o mundo. ” (Julie). ”. Vai de Deus larga esse celular de mão…
“Paz e harmonia: eis a verdadeira riqueza de uma família. ” (Benjamin Franklin)
Interessante minha filha tem controlado o uso do celular por minha neta e sempre que ela está usando além da conta diz: ”Larga esse celular e vai EXPLORAR o mundo” (Fabi)
“Eu nasci para ver o mundo,
EXPLORAR novas culturas,
Viajar pelas estrelas e descansar ao amanhecer…
Podem até tentar me manter,
Nesse pequeno e seguro mundinho cultivado por vocês.
Mas eu quero os perigos e as belezas desse girante universo! ” (Alvaro Felix)
As crianças entendem as coisas muitas vezes diferente dos adultos, mas assimilam as informações e processam à sua maneira. Entendeu EXPLODIR ao invés de EXPLORAR.
Agora resolvi também explodir esse tema para explorar alguns aspectos que considero importantes sobre o mundo da comunicação virtual que transformou o comportamento de milhões de pessoas em todo o planeta.
A distração digital aumenta a ignorância, diz professor: “ Uma série de pesquisas nos últimos anos mostra que a ignorância dos jovens americanos é epidêmica.
Para Mark Bauerlien, professor da Universidade Emory, em Atanta, e autor do livro The dumbest generation: How the digital age stupefies Young americans and jeopardizes our future (A mais burra das gerações: Como a era digital está emburrecendo jovens americanos e ameaçando nosso futuro), o excesso de chamadas distrações digitais está por trás da crescente falta de cultura dos jovens”
Estamos malucos com essa história de celular. Já não damos conta das pessoas em nossa volta. Focamos no aparelho, nas informações, WhatsApp, internet, face book, Instagram… E as pessoas ficam em segundo plano, esquecidas e solitárias como nós, ao nosso lado. Cada um no seu quadrado, no seu casulo, na sua blindagem… antissocial, “anti-gente. ”
“ Sempre que um homem se dispôs a afastar-se e a isolar-se para se bastar a si mesmo a filosofia esteve pronta para isolá-lo ainda mais e destruí-lo por meio desse mesmo isolamento. ” (Friedrich Nietzsche)
Enquanto aguardava uma consulta para o meu filho na clínica Ruy Palhano escrevia esse artigo. Ao meu lado, inúmeras pessoas ligadas ao celular cada uma para o seu lado e eu escrevendo e observando o quanto estamos distantes um dos outros.
Poderia estar a conversar, fazendo novos amigos reais. Mas preferimos as conversas e contatos virtuais. Os amigos à distância, virtuais (se é que existem).
“Se você não valoriza seus amigos no mundo real, o que dizer das amizades no mundo virtual…” (L. L. Santos)
Vivemos numa ilusão de que temos centenas de amigos na internet, face book, WhatsApp…e quando nos apercebemos estamos sozinhos na multidão.
“As coisas andam de tal forma mudadas, que a gente já tem mais amigos e afinidades no Facebook do que na vida real, mais “contato” virtual do que físico com os velhos amigos.
Não digo nada se as coisas se inverterem definitivamente e aí vamos escolher os amigos pela internet. ” (Marinho Guzman)
Nestes dias tenho observado em família que também já entrei nessa “pirâmide”, “nessa onda” ou melhor “nesse vício” de não poder ficar mais distante do celular – ele passou a ser o meu “amuleto”, meu santinho de estimação, meu “protetor”, meu padre, meu confessionário, meu maior amigo… meu guarda costa. Tem sempre que estar perto de mim. Uma maluquice nessa relação de dependência. Tudo errado! Mas eu estou na moda, fazendo igual a todo mundo, mais um codependente do celular, da informação, da novidade, da velocidade…
Estudos da Universidade de Harvard já identificaram um novo tipo de “distração digital”. Nós já não precisamos mais estar usando o celular, basta estarmos com o pensamento nele, com a expectativa de ver os contatos a todo momento, e na ansiedade de dar uma olhada a cada minuto que ele vibra ou toca. Nosso corpo já não dorme, nossa mente não relaxa, muitas vezes sem estarmos com o aparelho junto ao corpo sentimos a vibração no corpo (no local onde normalmente usamos) tudo isso faz parte da paranoia.
É uma verdadeira loucura, essa dependência sem limites, dia e noite, com chuva ou sol. Até enquanto dirigimos estamos desafiando a nossa capacidade de realizar duas atividades conscientes simultaneamente, aumentando o risco de acidentes de 11 a 23 vezes quando falamos ou enviamos mensagens. E o que é pior agora cada “cagada” que durava em média 3 minutos, passou em média para 27 minutos é um olho na “merda” e outro no celular. Daqui a pouco esquecemos de passar o papel e usamos o celular para limpar a “bunda”.
Para completar a contaminação com microrganismos patogênicos e coliformes fecais no celular é maior do que nas cédulas do real e dólar. Ferrou total! Ansiedade virtual? Ou loucura real?
“Cerca de 20 milhões de passageiros por ano acabam perdendo a condução por ficarem distraídos usando seus celulares — as pessoas não veem o ônibus ou trem passarem…. A maior distração para os passageiros, segundo a pesquisa, é a navegação na internet e em redes sociais (35%), seguida da checagem de e-mails (28%). Depois, estão os jogos (27%), ligações (15%) e vídeos ou TV (7%)….
Atualmente, nós vivemos em um mundo de telas, onde as distrações digitais competem com nossa necessidade de aprender. Mas será que realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo é uma boa ideia?”
A capacidade de concentração fica prejudicada com tantos aplicativos que cobram atenção. Celulares: smartphone é uma arma de distração em massa. É difícil manter o foco. O celular cria vício. Domesticá-lo não é simples.
“O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer. ” (Albert Einstein)
Ao amanhecer dou bom dia primeiro para o meu celular, já levo para o banheiro e me atualizo com as notícias da noite e do dia. Passo parte do dia ligado nele e antes de dormir fico alguns minutos ocupado com essa “perda de tempo”. Quando deveria priorizar o sono estou ligado no smartphone. Quanta burrice!
Percebi algumas vezes quando em viagem ou ao sair à noite com a minha esposa para curtir num bar, lanchonete, restaurante, shopping ou casa de festa, ou similares. Em vez de curtir a música ao vivo, comer um churrasco, beber uma cerveja (para quem gosta), abraçar, beijar, apreciar os momentos sozinhos, com familiares, amigos, colegas, ou coisa parecida. Lá estamos nós ligados no celular. O mal do século, nessa dependência maldita!
“ Na minha opinião existem dois tipos de viajantes: os que viajam para fugir e os que viajam para buscar. ” (Érico Veríssimo)
Quando chegamos ao local onde deveríamos relaxar, conversar, curtir o momento, ouvir a boa música, degustar um bom vinho, apreciar a beleza do ambiente, saborear as delicias, perceber e valorizar a presença das pessoas à nossa volta… ocorre o esperado: cada um para o seu lado com o seu celular focados nos assuntos externos, tomados pela individualidade e solidão virtual. Somos todos solitários na multidão! Quando poderíamos curtir e viver o presente com as pessoas que amamos estamos distraídos no mundo da imaginação e fantasia virtual.
“ Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver. ” (Dalai Lama)
Minha neta tinha razão quando disse para a minha filha “ Sair do celular e EXPLODIR o mundo”.
EXPLODIR a “mente das pessoas” para perceberem que precisam se libertar dessa “febre do celular” que toma conta do mundo, devora o nosso tempo útil e nos faz esquecer de nos relacionarmos com os outros que estão ao nosso lado.
EXPLODIR a raiva, a ira, o ódio, a inveja, a preguiça, a luxuria, o orgulho e a vaidade.
EXPLODIR as emoções para liberar os sentimentos de amor ao próximo, de solidariedade, de amizade e gratidão.
EXPLODIR o medo, a insegurança, a fraqueza, a insanidade, a maldade, a tristeza e o mau humor.
EXPLODIR o mal, a ignorância, a dependência, o vício, a arrogância, a soberba…
EXPLODIR as algemas que nos aprisionam ao vício e dependência (álcool, drogas, celular, jogos de azar)
EXPLODIR a falsidade, a mentira, a indiferença, o mau humor, a ambição…
EXPLODIR a corrupção, a mentira, a estupidez, a violência, as limitações, o desamor, a injustiça…
Crianças, jovens, adolescentes, adultos e velhos todos loucos, dependentes deste vicio que destrói a nossa capacidade de relacionamento interpessoal e torna a todos cada vez mais individualistas, isolados e depressivos.
A minha filha também tem razão quando diz: “Julie sai do celular e vai EXPLORAR o mundo.”
EXPLORAR o lado bom da mente, o corpo, a inteligência, a capacidade criativa…
EXPLORAR as amizades reais, a solidariedade, a fé, o amor e a esperança em favor do bem e dos mais necessitados.
EXPLORAR a proximidade e os momentos de alegria e felicidade ao lado dos pais, filhos, netos, amigos, familiares, colegas de trabalho…
EXPLORAR os brinquedos, bonecas, carros, as árvores, os campos de futebol, o peão, a bola de gude, as pipas, as brincadeiras de criança, jovens e adolescentes…
EXPLORAR os encontros diários com as pessoas, o sorriso, o almoço, jantar e ceia em família…
EXPLORAR os aniversários e datas importantes com as pessoas próximas…
EXPLORAR o conhecimento através do estudo, leitura, pintura, teatro, cinema… matemática, física, química, astronomia, filosofia, engenharia, medicina, pedagogia, psicologia…
EXPLORAR o trabalho em equipe, as relações interpessoais, as amizades verdadeiras…
EXPLORAR o lazer, as viagens, as praias, a beleza do mar as ruas, os jardins, as praças…
EXPLORAR o horizonte, o infinito, o sol, a lua, as estrelas, a brisa, o frio, o calor, o vento…
EXPLORAR a fauna, a flora, o canto dos pássaros, a sombra das árvores, o aroma das flores, a
EXPLORAR a sabedoria divina, a Bíblia Sagrada, a religiosidade
EXPLORAR a riqueza da cultura, as danças, o bumba meu boi, cacuriá, reggae, quadrilha, coco, tambor de crioula…
EXPLORAR a relação familiar, a casa, o bairro que mora, São Luís, Maranhão, o Brasil, o Mundo, o planeta terra, o universo, as galáxias…
EXPLORAR a lealdade, a transparência, a honestidade, a moral, a ética, a tolerância, a integridade, o respeito, a honra…
EXPLORAR o bem, a justiça, a benevolência, a alegria, virtudes e atitudes que elevem as pessoas…
EXPLORAR a infância, a juventude, a vida adulta, a velhice… cada momento PRESENTE como se fosse o último segundo da sua vida.
EXPLORAR a natureza, a alimentação saudável, o exercício físico, a vida equilibrada, a paz de espirito…o que tem de melhor dentro de você e propagar boas ações.
EXPLORAR o ar, o mar, a terra, o fogo, a luz e a vida como ELA É.
Todos temos as nossas escolhas. Eu escolhi EXPLORAR o mundo!
Qual a sua escolha EXPLORAR ou EXPLODIR o mundo?
“ O problema do mundo é que tolos e fanáticos estão sempre cheios de convicção, enquanto os sábios estão sempre cheios de dúvidas. ” (Bertrand Russel)
