Por José Carlos Castro Sanches
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Na visão do poeta, tudo se faz poesia. O pato vira cisne, o macaco vira homem, o sol é lua cheia, o boi vira jumento e a areia das dunas é amor em movimento. Assim foi o nosso passeio pelas lagoas dos pequenos Lençóis de Tutóia e praias do Arpoador, do Amor, do Argentino, Maceió.

O sol ardente iluminava a bela paisagem enquanto os guias dos turistas conduziam pelas dunas e trilhas, ora margeando o mar, ora entre os pés de cajuí, buritis, coqueiros, mandacarus, jumentos, bois, vacas e bodes, e pescadores juntando os peixes da rede, como se a vida fosse apenas um passatempo e nada estivéssemos a fazer.

Enganam-se os que assim pensam. Enquanto o passeio seguia, o pensamento vagueava distante, a imaginação voava como um condor, a inspiração era capturada pela beleza das ondas do mar, da vegetação virtuosa e determinada a vencer a dureza da areia e o calor do sol que torrava a alma sem ferir a carne. O bem maior daquele paraíso estava nas entrelinhas não escritas, nas palavras não ditas, nas metáforas do cronista, nas garças, nos galhos secos, nos peixes que fugiam das redes e na alegria dos pescadores.

A conversa, os movimentos, os sorrisos, o fluir das horas no ócio criativo, a interação do homem com a natureza, dele com ele mesmo, a luz, a areia movimentada pelo vento, o céu azul, as nuvens, as águas, os barcos, as ondas, os turistas, a gente nativa que cativa o visitante, o amor, o carinho, a simplicidade, a rosa e o espinho, o navio encalhado e a corrente, a alegria e a tristeza daquela gente. Comida boa, barata, guarás, penas, artesanatos, poesia e magia, assim eu vivia mais um dia.

Tudo refletia o amor, a amizade, a contagem regressiva do ano que seguia. Era primeiro de agosto, enquanto o tempo, a corrente marítima continuavam, os peixes, os pássaros, o vento, os barcos, os pescadores, meu amor, eu e os amigos nos divertíamos como crianças nos passeios e guloseimas pelos nativos caminhos traçados por Deus para nos permitir contemplar a beleza da natureza em Tutóia.

Não houve confusão dos olhares furtivos e distantes. Um animal corria à nossa frente como se estivesse perdido do seu bando. Logo, alguém precipitadamente, traído pela distância e pela vista ao sol ardente, disse: é um jumento! O guia seguia o seu veículo no rumo do animal. Quando nos aproximamos, era um boi atarantado que corria em busca da sua tribo. Sorri e disse: “Dá uma boa crônica – o boi que virou jumento”, nada mais que criação do cronista para distrair os parceiros de jornada durante os passeios pelas trilhas tutoienses.

Assim, vivemos um dia espetacular, enquanto o boi continua correndo, sem rumo e sem direção em busca do amor perdido.

Tutóia, 01 de agosto de 2025.
José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Literária do Maranhão, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Academia de Letras, Artes e Cultura de Coroatá, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências e da Academia Vianense de Letras. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de amor e liberdade.

Autor dos livros: Tríade Sancheana – Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das Coisas que Vivi na Serra Gaúcha, Me Leva na mala, Divagando na Fantasia em Orlando, O Voo da Fantasia, TROVOAR – Trovas para Inspirar e Sonhar (parceria), Momentos do Cotidiano. Participa de diversas antologias brasileiras.

NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS01.08.2025. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.






