Por José Carlos Castro Sanches
Site: www.falasanches.com
Versão final revisada em 23.02.2023
Nestes dias de Carnaval em vez das folias em São Luís escolhi o aconchego da casa dos meus pais em Rosário – MA. Fazia algum tempo que não passava uma noite na minha cidade Natal sempre usando o argumento de que praga e calor não combinam porque normalmente tem mosquito em abundância e calor de sobra às margens das cidades ribeirinhas.
Eu poderia culpar o Rio Itapecuru por esses inconvenientes, mas seria injusto com o pobre rio que sequer tem força para competir com os resíduos e efluentes líquidos contaminados provenientes de atividades humanas diversas, domésticas ou industriais, que recebe diariamente, ele é mais vítima que algoz dos malditos homens que não zelam pela natureza que os sustenta.
Dormi bem naquela noite de domingo para segunda-feira de carnaval, enquanto os foliões brincavam frente ao cemitério, ao som das músicas carnavalescas produzida por uma banda que ocupava um palco de estrutura metálica e bloqueava a passagem de veículos pela avenida do xirizal. A folia tomava conta da noite, era só alegria com cerveja no balde financiada pela Prefeitura de Rosário para animar os foliões.
Mamãe (Zazá) e papai (Zé Surdo) estavam felizes com a presença do primogênito José Carlos Sanches e da esposa Socorro Sanches. À disposição boa comida, café com pão e beiju, bejú ou biju, laranja, banana, melão, mexido de ovos, carne bovina, macarrão, arroz, feijão, doce de goiaba, suco de bacuri, farinha d’água, amendoim… e muito mais – na casa dos meus pais sempre houve fartura – o bom Deus sempre nos presenteou com abundância e deixou como legado para os descendentes a mesa farta de tudo para todos que nos visitam. Casa dos pais e avós, espelho para filhos e netos.
Comida gostosa, colchão macio, carinho de mãe e cuidado de pai era tudo que eu queria diante da chuva que nos impedia de caminhar a pé pela amada urbe. Eu desejava passear pela velha estrada que me lembrava e reconduzia à infância naquela teimosa cidade de pouco progresso e boas memórias. Resolvi pegar o Renault branco e dar uma volta no passado, rever o rio, as casas, os muros, as praças, as ruas e avenidas, bares, exceto os amigos de infância que eu não sabia onde estavam, se ainda residiam naquele município, como na minha memória rica de boas lembranças e no meu coração de poeta que bate na cadência do sino da Igreja da Matriz de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, padroeiros da Cidade de Rosário. O que me fez lembrar de Monsenhor Luís Alves Madureira, de saudosa memória – que além de Padre era Diretor do Colégio Dr. Paulo Ramos – onde estudei o Ensino Fundamental.
Para minha surpresa durante o rápido passeio percebi melhoria na pavimentação, desde a entrada até as ruas secundárias da cidade.
Coincidentemente encontrei com o amigo Ribamar Calvet, irmão de José Nilton Calvet, pai do atual prefeito da cidade de Rosário José Nilton Pinheiro Calvet Filho. José Nilton (pai) foi meu contemporâneo do Ensino Fundamental no Colégio Dr. Paulo Ramos, em Rosário e do Ensino Médio no Colégio Ateneu “Teixeira Mendes”, em São Luís.
Externei a Ribamar Calvet a minha satisfação pelo avanço perceptível na pavimentação asfáltica em várias ruas da cidade e a preocupação com a falta de um hospital com leitos hospitalares, equipamentos e profissionais de saúde para atender à demanda do município. Aproveitando o ensejo coloquei-me à disposição da Prefeitura de Rosário e entidades afins para propagar a literatura, incentivar a leitura e a escrita aos nossos conterrâneos.
Ao retornar para a casa do meu pai retratei a minha surpresa com a evolução dos trabalhos de pavimentação; recuperação de ruas e avenidas; melhorias significativas na cidade e relativo progresso na gestão municipal, todavia ele tem percepção diferente da minha sobre o tema em referência, retrucou dizendo: “a antiga Rua da Piçarra, uma das mais importantes e antigas da cidade de Rosário, permanece esburacada, abandonada.” Depois verifiquei que ele tem razão!
Então, dileto Prefeito de Rosário, José Nilton Pinheiro Calvet Filho, deixo para você o desafio de atender ao pedido do meu pai José Firmino Sanches, que certamente tem mais conhecimento de causa a respeito das necessidades de Rosário do que eu que outrora quando menino conhecia quase todos os recônditos da terra onde nasci, hoje tão bem conheço do meu torrão, quanto do Planeta Marte. Contudo tenho certeza de que na minha infância eu não sentia o cheiro forte de chorume daquele lixão denominado de Aterro Sanitário e Industrial da Titara, instalado em nossa cidade para receber os resíduos sólidos de São Luís e futuramente de Presidente Juscelino e Icatu, como dizem os universitários bem-informados.
Da palmácea Titara sobrou apenas o nome; do povoado “Buenos Aires” as boas lembranças da minha mãe, que quando criança, respirava o ar puro em “São Braz”, lugar onde nasceu e cresceu – nas proximidades do então Aterro Sanitário de Rosário, designado de Titara – Central de Gerenciamento Ambiental.
Hoje o vento chora angustiado e sopra com tristeza os gases provenientes da decomposição e putrefação de matéria orgânica do lixão a céu aberto. Isso me incomoda profundamente – se eu tivesse o poder para mudar algo de imediato naquele município – não permitiria que o meu berço amado recebesse como presente o lixo fétido e contaminado da capital maranhense e arredores. Quanto ao Hospital Municipal soube através de Ribamar Calvet que será entregue aos rosarienses brevemente, sem precisar a data. Promessa é dívida meu irmão! A palavra do meu pai eu respeito e deixamos o nosso recado ao estimado prefeito de Rosário, José Nilton Calvet Filho, com estima e consideração.
São Luís, 22 de fevereiro de 2023.
Direitos reservados ao autor José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Atheniense de Letras e Artes, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Academia de Letras, Artes e Cultura de Coroatá, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes e Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes e Ciências.
Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, Gotas de Esperança, A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô e Pétalas ao Vento. Disponíveis na Livraria AMEI do São Luís Shopping ou através do acesso à loja on-line www.ameilivraria.com; e no site da Editora Filos: https://filoseditora.com.br/?s=Sanches