Por José Carlos Castro Sanches
“Tudo o que a violência faz é ensinar à criança que a força física é um método aceitável de obter o que se quer. ” (Lionel Shriver)
Liguei a TV. Fiquei perplexo ao perceber a correria de uma menina, criança, inocente. Assustada, aflita e desolada ela seguia sua intuição.
Ela corria e chorava; chorava e corria, desesperadamente, com medo de um homem barbudo, de vestimentas longas, idoso que poderia ser o seu avô, pela idade avançada que apresentava.
O que ela mais queria era brincar e viver como criança, todavia corria e gritava, sem rumo e sem direção, entre a multidão apática e insensível ao seu sofrimento. Ela tentava se distanciar daquele monstro com cara de santo que a perseguia, queria abusar da sua inocência e intimidade de mulher, possuí-la, ainda menina indefesa.
Não sabia o que fazer. Fora vendida pelos pais, era um mero objeto do desejo, uma escrava em sacrifício nas mãos de um desconhecido que pagou pelos dotes à sua família para tornar-se dono do seu corpo incompleto, puro e infantil. O sexo não era o brinquedo que a idade requeria, tampouco a carência que o corpo urgia.
“Criança,
Uma gota de água pura,
Jogada num oceano contaminado. ”
(Nepom Ridna)
O homem era um abusador nato, um infame, sem caráter e princípios, obcecado pelo corpo; um transgressor sem alma, sem escrúpulo e pudor. Um crápula que não amava a própria mãe que o pariu.
Pensava ela na euforia da correria desenfreada que o opressor se afastava e continuava a correr e chorar; chorar e correr, sem encontrar guarida para sua proteção. Ela era vítima de um costume, de uma tradição que virou cultura naquele país. Mais uma criança abusada. Um dote de sofrimento e maldição que o acompanhará por toda a vida.
Quantas crianças sendo abusadas, sem ter a quem recorrer. Assim estamos diante do Coronavírus. Desamparados sem saber o que fazer, como os inocentes vendidos e abusados em todos os recantos do planeta Terra. Estão nos vendendo por pouco. O velho sistema que nos atormenta é visceral e não tem limites para nos escravizar. Se correr o bicho pega se ficar o bicho come.
A criança submissa e ingênua acredita que dias melhores virão e continua no destempero a correr pelo mundo em busca da liberdade. Somos todos como crianças indefesas nestes tempos de pandemia onde os homens buscam o benefício próprio em detrimento da coletividade de um povo sofrido e escravizado pelas ideologias. Valha-nos Deus!
“É uma experiência eterna de que todos os homens com poder são tentados a abusar. ” (Barão de Montesquieu)
São Luís, 17 de março de 2021.
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense. Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras – ALPL
Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou (Tríade Sancheana); No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro! (Trilogia da Vida), e outros dez livros inéditos. Visite o site: falasanches.com e a página Fala, Sanches (Facebook) e conheça o nosso trabalho como escritor, cronista e poeta. Adquira os Livros da Tríade Sancheana e Trilogia da Vida na Livraria AMEI do São Luís Shopping ou através do acesso à loja online www.ameilivraria.com.
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS17.03.2021. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual amparado pela lei nº 9.610/98 que confere ao autor Direitos patrimoniais e morais da sua obra.
