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Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

CORINA VIROU ESTÁTUA!

Por José Carlos Castro Sanches

Site: www.falasanches.com 

FONTE DA IMAGEM: INTERNET

Sotero Macêdo Martins (Seu Sotero), natural de Cantanhede,  era um homem muito trabalhador. Cassaco da RFFSA – “indivíduo que trabalha na construção de caminhos-de-ferro”. Morava ao lado da casa dos meus pais em Rosário do Maranhão. Era casado com Corina Serra da Silva Martins, natural de Itapecuru-Mirim, mãe de cinco filhos, meus amigos de infância: Jose Claudimar Martins (Maninho). trabalhador rural, atualmente reside em Manaus; Jose Valdemar Martins  (Vavá ), ex-professor, atualmente aposentado pelo Governo do Estado do Maranhão, reside em Rosário; José Sotero Martins (Tero ou Soterinho), atualmente residindo em Goiânia – GO, trabalha em empresa de telecomunicações; Maria Dulcimar Martins (Nena), reside com a mãe Corina em São Luís, trabalha no lar e o filho mais velho, Jose Ribamar Martins  (falecido) que morava em São Luís – MA, foi militar do Exército Brasileiro, por um longo período, quando faleceu era Chefe de Transporte da TELMA (Telecomunicações do Maranhão), os demais ainda vivos para contar as histórias de vida e superação.

Sotero era extremamente dedicado ao trabalho, incansável na lida diária, não  satisfeito apenas com o trabalho estafante de cassaco ainda tinha uma roça distante algumas léguas a pé para cuidar no tempo vago da rotina de trocar trilhos, substituir dormentes, empurrar os “troles” (tablado de madeira montado em rodas, que os operários da estrada de ferro impelem sobre os trilhos, com auxílio de longas varas de madeira),  além de cortar a vegetação ao longo da linha ferroviária por onde transitavam os “trens” de passageiros e cargueiros.

Num certo dia inesperadamente Deus chamou Sotero e o carregou em seus braços para a morada eterna no paraíso, deixando um enorme vácuo naquele lar.

Corina que era a dona do Hotel Nena (em homenagem à filha Maria Dulcimar, conhecida por Nena), fazendo dessa atividade um complemento para o sustento dos filhos, ficou sem chão por algum tempo – sofrendo pela perda e falta do marido. Ela criava os filhos com dificuldade, determinação, amor, fé e poucos recursos, todavia com muita responsabilidade exercendo o papel de “pãe”. Nessa época começou a pagar para crianças venderem pirulitos, depois passou a vender.

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Até que vencida pelo sacrifício, decidiu vender a casa e partir em busca de novos ares e melhores dias com a família, dessa vez em São Luís.

Filhos criados, trabalhos dobrados, com a chegada dos netos dona Corina se mantinha ativa agora com a profissão de “vendedora de pirulitos caseiros” pelas ruas do Centro Histórico de São Luís, especialmente na região do Reviver, Praia Grande, Praça D.Pedro II, Palácio dos Leões, Palácio de La Ravardière, Palácio da Justiça, Igreja da Sé, Praça João Lisboa, Praça Maria Aragão, Praça Deodoro, Rua Grande e adjacências.

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Ela se tornou uma referência! A minha vizinha de outrora agora representava uma categoria de profissionais em “extinção” no Estado do Maranhão – “Os piruliteiros” – por obra do destino hoje representados por uma “Piruleteira”, notabilizada por seus feitos é reconhecida na Atenas Brasileira. A quem dedico esta crônica.

Carismática, ativa, com um olhar triste e cansado, corpo sofrido, sorriso discreto e amoroso, coração de mãe, quando provocada está sempre disponível para um bate-papo amigável e fotos com turistas e conhecidos.

 Dona Corina tornou-se tão conhecida na Cidade dos Azulejos que ainda em vida no dia 16 de setembro de 2022, aos 92 anos de idade, durante a comemoração dos 410 anos de Fundação da Cidade de São Luís, ganhou de presente uma estátua na Praça “Nauro Machado,” Centro Histórico,  representando “Os pregoeiros” de São Luís. Inaugurada pelo Prefeito Eduardo Braide. Motivo de honra para os maranhenses.

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Ali, Corina, eternizou-se numa estátua de zirconita em tamanho real, segurando uma tábua de pirulito. Como poucos, eternizou-se em vida com a simplicidade de uma mulher “trabalhadeira”, advinda do interior do Maranhão, nascida em Itapecuru-mirim, morou em Coroatá e Rosário, agora reside na Ilha do Amor – São Luís – capital do Maranhão.

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Moral da história:

Quem nasce para ser raínha não precisa de coroa de ouro para brilhar. Como dona Corina, escreve a sua história de sucesso com uma tábua de pirulito, força e coragem para enfrentar as adversidades, foco para realizar a árdua missão, fé para ter convicção da existência de coisas que não se vê, e resiliência para suportar as mudanças que a vida oferece.

Alguém, algum dia imaginou que Corina seria homenageada em vida com um busto em uma praça pública por vender pirulitos e manter a tradição de piruliteira na Terra de Nauro Machado? Provavelmente, nem ela imaginava, tampouco ambicionava, todavia conquistou o seu lugar de destaque entre os notáveis” ao seu modo. Viva Corina Serra da Silva Martins! Viva a mulher brasileira!.

Como disse a amiga escritora, jornalista e poetisa Élle Marques, maranhense que hoje reside em Curitiba-PR, após a leitura desta crônica: “José Carlos Sanches: Linda homenagem! Nem Nauro Machado imaginava! Nunca esquecerei da imagem dele sentado à porta de sua casa, com seu olhar reflexivo,  carregado de tristezas e de dor de suas vivências, pela capacidade que tinha de ver o declínio da cidade que, em vida, pouco ou quase nunca, o prestigiou.  Poucos o “enxergavam”, era como uma sombra entre o frenesi da cidade. Ainda assim surge um tempo em que ressurge um grupo que luta pelos valores culturais do Maranhão. Que Corinas, Firminas e todas as meninas, bem como Soteros e Nauros, sejam em vida, prestigiados. Parabéns pelo seu trabalho!”  Agradeço a dileta admiradora e ativista cultural pelo incentivo constante.

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São Luís, 26 de maio de 2024.

Crônica revisada em 10 de setembro de 2024.

José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes e Academia Vianense de Letras. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de liberdade.

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Autor dos livros: Tríade Sancheana – Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das coisas que vivi na serra gaúcha, Me Leva na mala, Divagando na Fantasia em Orlando e O Voo da Fantasia. Participa de antologias brasileiras.

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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS26.05.2024. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.

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