Por José Carlos Castro Sanches
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Vovó Nick desejava que seu neto Dennis conquistasse o mundo com seu talento para as letras, demonstrado desde tenra idade. O menino lia e escrevia com fluência de adulto, criava histórias surpreendentes e encantava a todos com suas habilidades literárias. Nick, com visão extraordinária do futuro, logo visualizou no garoto um grande escritor.

Dedicavam-se às leituras e escritas diárias, apesar das dificuldades da família. Nick comprava lápis e cadernos, ensinava-o a escrever corretamente e o incentivava a criar o hábito da leitura. Assim, passaram-se anos, e Dennis crescia cada vez mais sensível às atividades literárias, artísticas e culturais.

Logo conheceu Nicholas Yang, um professor de língua portuguesa e inglesa que o adotou e fez florescer sua verve literária, iniciando-o na escrita dos primeiros livros. Dennis avançou nos cursos primário, secundário e superior de letras, guiando-se para o teatro, música e cinema.

No entanto, à medida que crescia e se destacava entre os famosos da sua época, Dennis começou a se perder nas más companhias e a se deixar levar pela ambição do poder. Formou-se em direito e conquistou politicamente o status de ministro da suprema corte colonial, mas logo se tornou um ditador sem escrúpulos, odiado pelos homens e mulheres do condado.

Passaram-se alguns anos de intensa atuação arbitrária, até que o Rei da Dinastia, sentindo-se ameaçado pelo ditador, impôs severas restrições à sua atuação. Dennis demonstrava não apenas inteligência fluida, mas também um ar de superioridade e insanidade em suas ações.

A cada dia, tornava-se cada vez mais instável, visivelmente preocupado com as consequências dos seus atos, sem chance de retroceder.

Além disso, estava perdendo o apoio dos seus antigos aliados, que conseguiam perceber os deslizes e atitudes perversas cometidas pelo algoz, direcionadas aos seus opositores.

A situação não possibilitava retorno, uma vez que havia tomado dimensão intercontinental, provocado os grandes líderes mundiais e os donos dos conglomerados de comunicação que defendiam a liberdade de expressão. A sua queda tornou-se inevitável, colhia o que plantou, construiu o própria sepultura.

Agora estava vivendo a sua própria prisão, não podia conviver livremente por ser odiado e rejeitado naquele meio. Entediado e com profunda depressão, morreu sozinho, sem amigos, sequer os familiares queriam estar ao seu lado.

O garoto prodígio, que havia sido incentivado por sua avó a desenvolver seu talento literário, transformou-se num togado que se deixou envaidecer pelo poder e partiu sozinho para o inferno.

Lá, foi recebido pelo seu melhor amigo, aquele que o ensinou a fazer o mal, agora o condenava sorridente às chamas ardentes.

Daí em diante, o povo livre, sorri livremente, sem censura, sem limitação de escrita e fala. Vovó Nick, envergonhada com o rumo tomado pelo neto, morreu precocemente entediada, todo o seu esforço havia sido jogado fora. Era chegado o tempo de liberdade!

São Luís, 09 de junho de 2025.
José Carlos Castro Sanches.
É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Literária do Maranhão, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Academia de Letras, Artes e Cultura de Coroatá, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências, da Academia Vianense de Letras e da Academia de Ciências, Letras e Artes de Presidente Vargas. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de amor e liberdade.

Autor dos livros: Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das Coisas que Vivi na Serra Gaúcha, Me Leva na Mala, Divagando na Fantasia em Orlando e O Voo da Poesia. TROVOAR – Trovas para Inspirar e Sonhar, ECOS da AMT: novos trovadores (em parceria). Coautoria em diversas antologias brasileiras.

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