Por José Carlos Castro Sanches
Site: www.falasanches.com
“Entre cair ou permanecer montado, é melhor ser amigo do touro.” (Tarcísio Lourençon)
A humanidade avançou de maneira significativa em diversas áreas do conhecimento. Empreendeu descobertas fabulosas; descobriu inúmeras soluções para enigmas matemáticos e astronômicos; desenvolveu-se na medicina, engenharia, física, química…; desbravou os mares e o universo desconhecido: planetas, cometas, galáxias, constelações; evoluiu em inúmeras áreas do saber – sobretudo nas relações homem-máquina, tais como: Neurociência, robótica e inteligência artificial, decodificação do genoma humano, descoberta de exoplanetas, estrutura do DNA, blockchain e bitcoins, impressora 3D, carros autônomos, computação quântica, robótica, realidade virtual e realidade aumentada, internet das coisas, genômica e análise de “big data”, sistemas de imagem in vivo, CRISPR e a manipulação genética, biologia sintética e edição de genes, células tronco pluripotentes e engenharia de tecidos, modelos animais humanizados, imunologia e vacinologia de sistemas, foguete que dá ré… entre outras inúmeras criações, ao tempo em que os meios de comunicação entre pessoas e organizações estão em constante evolução – na velocidade da luz – alavancados pelo advento da internet, desenvolvimento de novas ferramentas e equipamentos, inovações e tecnologias de ponta.
Como visto o progresso foi significativo, todavia os conflitos internacionais causados por motivos diversos como diferenças ideológicas, interesses econômicos, rivalidades políticas ou disputas territoriais continuam crescentes, ocupando o noticiário nos meios de comunicação por todo o mundo. Paralelamente as atitudes deploráveis dos seres humanos permeiam o cotidiano e multiplicam-se como ratos no lixo, baratas nos esgotos e mosquitos em águas paradas… a caça e a pesca desenfreada, a destruição dos habitats naturais, a poluição dos rios, mares e florestas, a mineração e a extração desordenada de madeira, a intensa urbanização, somadas a outras práticas nefastas.
Enquanto isso pessoas influenciadas por tradições controversas, movidas pela insana ilusão do prazer e interesses maquiavélicos, ainda sacrificam animais nas rinhas e touradas. O sangue derramado parece alegrar os tolos insensíveis – sedentos por divertimento duvidoso. O que me leva a questionar: Por que o pano vermelho usado pelo toureiro, perpetuado pela tradição como forma de esconder o sangue que sai do touro enquanto ele é agredido e eventualmente morto, não é substituído pelo pano branco da paz? E em vez do martírio e dor do touro não se reprime a crueldade dos humanos?
O que me fez escrever sobre esse tema?
Ao observar uma simples fotografia que marcava o fim da carreira do toureiro Álvaro Munero, seguida do texto abaixo, fiquei deveras impressionado com a sensibilidade do touro ao lidar com seu algoz, levando-me à reflexão ora escrita com um olhar crítico sobre a tradicional prática:
“Esta icônica fotografia marca o fim da carreira do toureiro Álvaro Munero. No meio da batalha, ele subitamente se arrependeu e sentou-se à beira da arena. Posteriormente, em uma entrevista, Álvaro contaria: “De repente não vi chifres, mas olhos do touro. Ele parou na minha frente e começou a me olhar. Simplesmente ficou parado e observou, sem tentar atacar. A inocência que existe nos olhos de todos os animais me olhava pedindo ajuda. Foi como um grito de justiça e em algum lugar muito dentro de mim, de repente percebi que ele estava se dirigindo a mim da mesma forma que nos dirigimos a Deus em oração: ‘Não quero lutar com você, por favor me deixe, porque não fiz nada de mal para você. Você pode me matar se quiser, me mate se quiser, mas não quero lutar com você.’ E eu, lendo isso em seus olhos, me senti como a pior criatura da terra e desisti da luta. Depois disso me tornei vegetariano e parei de tourear”. Esta história foi publicada em 2012. Depois que milhares de outras publicações estrangeiras contaram o caso, milhões de pessoas ficaram sabendo do toureiro Álvaro Munero, e esta foto se tornou uma das mais reconhecíveis.” Como disse José Rodrigues Vilela: “Se a tourada é uma “Arte”, a “Violação” é um ato de amor.”
São Luís, 04 de dezembro de 2024.
José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Academia Literária do Maranhão, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes, da Academia Vianense de Letras e da Academia de Ciências Letras e Artes de Presidente Vargas. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de amor e liberdade.
Autor dos livros. Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das Coisas que Vivi na Serra Gaúcha, Me Leva na Mala, Divagando na Fantasia em Orlando e O Voo da Poesia. Participa de diversas antologias brasileiras.
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS04.12.2024. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.