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Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

A PENA PERDIDA

Por José Carlos Castro Sanches

Site: www.falasanches.com

Era fim de tarde em Tutóia, no Maranhão, quando eu passeava pela praia com dois jovens amigos, Esther Hadassa e Carlos Furtado Filho. O sol estava se pondo, enquanto a lua se preparava para trazer o brilho suave ao anoitecer nos Lençóis Maranhenses.

Eu resolvi desafiar os dois companheiros de caminhada a procurar objetos de valor durante o nosso passeio. Logo, encontrei uma pequena concha e Esther presenteou Carlos Filho com outra bem maior, que estava recoberta na areia. Em seguida, Esther encontrou uma bela pena vermelha, provavelmente de um guará, ave da região. No entanto, não se apercebeu da importância daquela pena para o poeta e a lançou fora. Ao presenciar aquilo, senti uma dor profunda no coração, como se houvesse perdido uma parte de mim. A pena para o poeta é como a luz para a escuridão, a água para o sedento e o alimento para o faminto.

Foi então que convidei-os a voltar para procurar a pena perdida, que o vento havia levado para longe. Cansamos de procurá-la e não a encontramos mais. Tristes, retornamos ao nosso local de encontro com os demais amigos que faziam parte da nossa comitiva de turistas.

Então, pensei e disse aos dois: “Como não encontramos a pena perdida, fica um desafio para vocês: escreverem um texto em prosa ou poesia retratando o acontecido, a ser entregue até amanhã para mim.” O desafio foi aceito.

Fomos para o jantar num restaurante próximo. Quando lá estávamos, Esther chegou com a pena vermelha na mão e entregou-me, dizendo: “Encontrei a pena.” Alegrei-me por recuperar a pena perdida, símbolo do escritor. Eu estava feliz, havia resgatado a minha essência.

Enquanto isso, eu espero ansioso para ler o que eles escreverão sobre a pena perdida. Eu reencontrei naquela pena o motivo para escrever essa crônica, com a certeza de que ao cronista basta um estímulo para fluir a inspiração. Ela chegou ao pôr do sol, na praia de Tutóia, no último dia de julho de dois mil e vinte e cinco. Talvez seja uma singela maneira de dizer que os pássaros, além de voar, ensinam suas penas a voarem, e que o vento, ainda que às escondidas, é capaz de transportar os sonhos de uma ave distante para contemplação do poeta na beira da praia, junto aos Lençóis Maranhenses.

Tutóia, 31 de julho de 2025.

José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Literária do Maranhão, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Academia de Letras, Artes e Cultura de Coroatá, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências e da Academia Vianense de Letras. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de amor e liberdade.

Autor dos livros: Tríade Sancheana – Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das Coisas que Vivi na Serra Gaúcha, Me Leva na mala, Divagando na Fantasia em Orlando, O Voo da Fantasia, TROVOAR – Trovas para Inspirar e Sonhar (parceria), Momentos do Cotidiano. Participa de diversas antologias brasileiras.

NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS31.07.2025. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.

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