Por José Carlos Castro Sanches
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No planeta dos macacos havia uma horda de macacas exultantes e provocativas. Gino era um macaco muito esperto, o Dom Juan da macacada, vivia pulando de galho em galho nas frondosas árvores da floresta, sempre bem acompanhado pelas macacas. Sentia-se livre para selecionar as mais belas para satisfazer os seus desejos. Tinha passe livre no território que governava com a força de um símio dominador e determinado a ocupar todos os espaços, sem piedade dos demais macacos rivais que conviviam no mesmo habitat. Era egocêntrico e narcisista. Queria tudo para ele, nada mais importava senão materializar os seus anseios luxuriosos.
Puma era a macaca preferida do garanhão. Corria, pulava, dançava fazendo gracejos para todos os macacos da redondeza, desprezava as amigas desafortunadas que desejavam uma oportunidade com o galante Gino. Das aventuras de Gino e Pluma, nasceu Chita, uma macaquinha esperta que alegrava a floresta, mas isso não tornou Puma submissa ao astuto namorador.
Certa vez, Gino atento ao movimento dos patrícios, percebeu que Puma tinha uma queda pelo macaco Tião, que não era o mais atrativo da selva, todavia tinha um carisma especial entre os(as) amigos(as) primatas, demonstrava-se carinhoso e afetuoso – sempre discreto e manhoso – enquanto Gino se exibia e abusava da inocência de todas, ele se fazia de tolo e agarrava às escondidas as donzelas desprezadas.
Gino desolado e frustrado com a atitude de Puma, isolou-se na floresta, criou muros e barreiras intransponíveis para manter distância segura das macacas, especialmente de Puma. O afastamento do galã gerou preocupação entre os primatas, algum tempo depois descobriram que ele havia contraído a Ginofobia, uma doença muito rara naquele meio.
Gino a cada dia se afastava do convívio, mudou-se para uma caverna, instalou grades de ferro com altura elevada para impedir qualquer possibilidade da macacas entrarem em contato com ele. Apesar do desinteresse e desprezo de Gino – elas o protegiam, lançavam alimentos por sobre as grades para mantê-lo vivo no seu esconderijo secreto, na esperança de algum dia levá-lo de volta ao convívio na mata.
Gino viveu por mais de 55 anos, mantendo-se isolado, prostrou-se, morreu e ressurgiu como um morcego vermelho com cara de macaco, asas e rabo de urubu, voava pela floresta sugando o sangue dos macacos para vingar-se da traição de Puma. Enquanto isso Puma vivia feliz com os parceiros nos galhos das árvores, na areia e nos córregos que rodeavam o santuário dos macacos, onde se reproduziam as espécies que dominariam o universo – não com a empáfia, o narcisismo e a impetuosidade de Gino – contrariamente com o amor, o carinho, a empatia, a humildade, a simpatia e a amizade de Tião.
A fábula do Macaco Gino nos ensina que a arrogância, o desprezo, a vaidade, a incapacidade de valorizar o outro e a soberba aniquilam a boa convivência; a conquista com persuasão e empatia traz no bojo a felicidade e o prazer da realização de um propósito. Não somos uma ilha, nem prosperamos isoladamente. O sucesso é coletivo e depende da capacidade de interação e relacionamento. “Não é o mais forte da espécie que sobrevive, nem o mais inteligente. É aquele que melhor se adapta às mudanças”, apoiado pelos que convivem de maneira saudável, harmônica e construtiva. Cresce quem valoriza o outro, apoia na jornada e alegra-se com a conquista e triunfo.
São Luís, 25 de outubro de 2023.
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta brasileiro. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras, Artes e Ciências, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da Sociedade de Cultura Latina do Maranhão, da União Brasileira de Escritores e da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro Correspondente da Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências e da Academia Vianense de Letras.
Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas, Gotas de Esperança, A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô; Pétalas ao Vento; Borboletas & Colibris (em parceria com Pedro Neto).
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