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Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

BARRO E SAL!

“Cego é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria. Surdo é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão.” (Mario Quintana)

A mistura de barro e sal é o alimento de milhões de pessoas famintas em todo o mundo.

Não vemos os outros como semelhantes. Um mendigo na rua é como se fosse um objeto, ou pior que isso, um lixo jogado ao chão, abandonado ao bel prazer, porque alguns objetos ainda juntamos e levamos conosco, enquanto eles permanecem solitários na lama da escuridão – só suportada por eles próprios na sua fé clandestina e sólida na rocha, sem a qual não suportariam tanta dor e sofrimento.

“Quando um pobre morre de fome, não é porque Deus não cuidou dele. É porque nem você nem eu quisemos lhe dar o que ele precisava.” (Madre Tereza de Calcutá)

A sensibilidade humana se dissipa ao vento como o perfume francês num mundo de “bugigangas” paraguaias e chinesas falsificadas. Os piratas tomaram conta das nossas ruas, mercados e comércios e as notas fiscais sumiram como o alimento para os pobres necessitados em todos os continentes da terra.

Elton do Nascimento Lucas, pernambucano, que participava de um treinamento de EHS que ministrava para a empresa MKS, me acompanhou no almoço nesta terça-feira de 16 de agosto de 2018 na Churrascaria “O ROMANO” no bairro de São Cristóvão na bela cidade de São Luis do Maranhão.

Elton me fez pensar e refletir sobre a necessidade de reavaliarmos a nossa forma de ver o outro, de respeitar as diferenças, perceber as semelhanças conosco e valorizar o jovem Angolano que carregava a sua bolsa cheia de tênis importados da China quando caminhava rápido pela Av. Guajajaras a oferecer a sua mercadoria para um povo insensível ao seu apelo desesperado, sem dinheiro e pouco interessado nos seus objetos.

Para aquele jovem Angolano a venda dos tênis importados, provavelmente réplicas dos originais, representa a sua dignidade de cidadão, que busca através do trabalho manter a sua subsistência, num país de desempregados no qual ele é, apenas mais um, estrangeiro discriminado.

Nós outros aqui! Eu, Elton, Carlos Humberto de Sobral, Edi Rozendo dos Santos, Flavio Cesar da Silva e Marconi Pereira Nascimento, que também nos acompanhavam no almoço, julgávamos importante a ação do Angolano, mas por vezes o discriminamos e esquecemos que aquele jovem é um dos milhares de negros, pobres, provenientes de países onde impera a pobreza absoluta, em que provavelmente o alimento lançado ao vento, jogado de avião, disputado aos pulos (migalha a migalha) e escondido nas mãos dos sorteados deveria ser “Barro e Sal”.

“Quem tem fome não tem escolha. O seu espirito não vem de onde ele gostaria, mas da fome.” (Max Frisch) 
Incrível a alegria das crianças destes países ao receber “Barro e Sal” como alimento – que não é alimento é “enganação” para o estomago faminto.

Um brasileiro sensibilizado ao ver esta cena comprou uvas e maças e distribuiu para as crianças. Um alimento de verdade foi servido, mas por apenas um dia. E nos demais dias que virão como se alimentarão os nossos irmãos?

E vejo as crianças, jovens, adultos e anciãos desperdiçando alimentos saudáveis e a reclamar da vida pela falta do suco preferido; a chorar porque não tem o melhor leite e o pão francês com queijo; não gosta de feijão; não come frutas e verduras; e eu a me queixar da carne de sol “seca e dura” servido na churrascaria. Em vez de reclamar deveria agradecer pela graça!

Escrevi essa crônica no intervalo do treinamento durante o almoço na churrascaria “O ROMANO” para trazer uma reflexão sobre a fome de milhões de pessoas em todo o mundo e a necessidade de reavaliarmos as nossas práticas diante de tanto sofrimento e angustia dos necessitados que nos cercam e clamam por ajuda, aos nossos pés, enquanto os desprezamos.

“Um pouco de barro pode se tornar um lindo vaso nas mãos do oleiro. Um pouco de sal pode ser o melhor tempero nas mãos do cozinheiro. Um pouco de alimento pode representar a diferença entre a vida e a morte nas mãos de crianças famintas. Pode salvar uma vida e resgatar a dignidade perdida. Barro e sal não é alimento para humanos. Faça a sua parte! Ajude a erradicar a fome do mundo.” (José Carlos Sanches)

Por que somos tão insensíveis ao sofrimento, a dor e à fome do outro? O que se passa com o nosso senso de humanidade? Por que poucos comem as melhores comidas, alguns comem pão com ovo e muitos comem “Barro e Sal”?

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