Por José Carlos Castro Sanches
Tenho um amigo desempregado que está há mais de um ano à procura de um emprego. Encaminha diariamente o seu currículo para diversos colegas e também entrega nas portarias das empresas quase que implorando para voltar ao mercado de trabalho. Hoje ele me ligou dizendo que as oportunidades que aparecem são sempre para o futuro, mas ele tem uma família e filhos que estão passando necessidade e precisam do alimento no presente. E completou: estou sabendo que as vagas de emprego são para o próximo ano, parece perto. Só que para quem está desempregado passar o Natal e Ano Novo desempregado não é bom. ” Disse-lhe: Concordo, meu amigo para quem é pai, estar desempregado não é bom a qualquer tempo.
Enfim o seu currículo chegou às mãos de um empregador que não o conhecia, apesar de saber da sua capacidade técnica, responsabilidade e produtividade como profissional diferenciado que sempre foi – na função para a qual está qualificado e se candidatara para a vaga em aberto. Contou-me que o responsável pelo recrutamento e seleção para a aludida vaga ligou para um amigo seu, que citara no seu currículo como pessoa de contato, fazendo as seguintes perguntas: “Ele é Cristão ou ateu? Apoia Lula ou Bolsonaro? É uma pessoa agregadora ou desagregadora? Preto ou branco? Homo ou hetero? ”.
O seu amigo ao ser questionado pelo entrevistador perguntou-lhe: o que tem a ver ser cristão ou ateu, Lulista ou Bolsonarista, preto ou branco, homo ou hetero, jovem ou ancião, para ocupar a vaga disponível? Não seriam as suas qualificações, experiência e competência técnica que o habilitariam para a função? O entrevistador ficou aborrecido pelo questionamento e desligou o telefone. Possivelmente, o candidato será excluído do processo porque não se enquadra na ideologia do entrevistador. Perde-se ali a oportunidade de contratar um excelente profissional porque presume-se ser correto seguir as mesmas convicções religiosas ou políticas do entrevistador para trabalhar naquela empresa.
Fala-se muito em inclusão, diversidade, quebra de paradigmas, entretanto, ainda estamos limitados aos estigmas de pessoas preconceituosas que se julgam donas da verdade, alimentam a discriminação, limitam as oportunidades e destroem reputações por se julgarem superiores no pensamento, crenças e ideologias políticas. Religião, sexo, cor, etnia, opção sexual, não tornam alguém melhor ou pior do que o outro.
Esteja com as pessoas certas para não precisar ter cuidado com o que diz. É lamentável pensar que ainda existem restrições injustificáveis para quem precisa trabalhar ou se apresentar como profissional em qualquer empresa, instituição pública ou privada, dentre outras entidades ou negócios que requeiram um profissional capacitado para executar com distinção a sua profissão.
Como dizem os experts no assunto. Mais vale a palavra, os valores, os princípios, a responsabilidade, o respeito, a integridade, a ética, a honestidade, sobretudo o amor, a fé e a esperança, do que as pechas com que os inseguros rotulam os capazes para excluí-los do seu meio, talvez por medo de descortinarem as suas fragilidades e a incompetência que reina no mundo dos hipócritas. Quem sabe um dia a realidade sobreponha a utopia e os melhores ocupem posição de destaque nos pódios da vida. Sem apadrinhados, sendo ateu ou cristão.
São Luís, 27 de setembro de 2021.
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.
Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras, Academia Maranhense de Trovas, União Brasileira de Escritores e PEN Clube do Brasil.
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