“As melhores coisas da vida não estão guardadas em cofres ou registradas em cartórios, mas guardadas no coração e registradas na memória!” (Ana Carolina)
Hoje ao passar pela Avenida dos Holandeses, em São Luís do Maranhão me deparei com uma raridade: Um caminhão cheio de cofres. Com a inscrição: “VENDEM-SE COFRES DIRETO DA FÁBRICA.”
Você compraria um cofre para guardar suas reservas? Enterraria num pote? Guardaria a grana debaixo do colchão? Deixaria num banco e usaria cheque ou cartão de débito/crédito para realizar as transações? Faça a sua escolha! Boa leitura e reflexão!
Indaguei-me sobre os potenciais compradores de cofres neste mundo evoluído da era da informação ou era digital alicerçado nos avanços tecnológicos advindos da Terceira Revolução Industrial que reverberaram na difusão de um ciberespaço, um meio de comunicação instrumentalizado pela informática e pela internet onde quase tudo se faz de forma virtual.
“Steve Jobs pegou a maçã que caiu na cabeça de Isaac Newton e mordeu para nos libertar do insuportável paraíso da ignorância.” (Arnaldo Jabor)
Mudamos as nossas referencias e não guardamos mais dinheiro debaixo dos colchoes, em potes enterrados no fundo do quintal e cofres pesados de chumbo. Por dois motivos breves: O dinheiro está escasso como filho de anão e quem têm um pouco dele não arrisca deixar em casa devido ao grande número de ladrões, que como ratos infestaram a nossa cidade e tiram a paz e o sossego dos ludovicenses.
“O tesouro do corpo é mais valioso do que aquele guardado no cofre, e o tesouro acumulado no coração é mais valioso do que o tesouro do corpo. Portanto, dedique-se em acumular o tesouro do coração.” (Nitiren Daishonin)
Já foi o tempo em que se guardava dinheiro em casa hoje quase tudo se compra e vende através de cartões de credito ou debito. Evoluímos para o mundo virtual e muito raramente usamos “dinheiro vivo”.
“O Progresso é a lei da história da humanidade, e o homem está em constante processo de evolução.” (Auguste Comte)
Quem ainda estaria guardando dinheiro em cofres?
Imaginem a insegurança das pessoas que escolhem usar essa forma de guardar dinheiro.
Enquanto a violência prospera e toma conta do Brasil, os bandidos estão cada vez mais audaciosos e preparados para a ação com estratégias de guerra, armados com fuzis, metralhadoras, pistolas e outros armamentos de grosso calibre superando aqueles que deveriam garantir a segurança pública sucateada.
Estamos encarcerados em nossas casas, limitados por grades, muros, câmeras, medo, desespero, pavor e tudo mais, enquanto a marginalidade aflora e limita os nossos passos.
“A perseverança é mais eficaz do que a violência, e muitas coisas que, quando reunidas, são invencíveis, cedem a quem as enfrenta um pouco de cada vez.” (Plutarco)
Nesta semana aqui no bairro onde moro um cidadão de bem, levantou cedo para comprar o pão para a família e foi surpreendido por dois bandidos logo às sete da manhã, sem reagir foi alvejado, por um tiro no peito e sucumbiu como se fosse um animal sem valor.
A vida não tem valor algum para aqueles marginais que disparam tiros a esmo como se estivessem a brincar de matar com armas de verdade. Insensíveis e amedrontados disseminam o terror, o ódio e a violência por onde passam. Destroem famílias, abatem e mutilam cidadãos de bem sob a tutela dos direitos humanos que teimam em proteger marginais.
“A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota.” (Jean-Paul Sartre)
A padaria Maranata não será mais a mesma a partir daquele dia negro. A tristeza e a revolta tomaram conta da vizinhança. Uma vida ceifada, sem razão, por dois desalmados que teimam em destruir sonhos e propagar a violência por onde passam. Como se nada tivesse ocorrido seguiram retirando todos os objetos pertencentes ao “cadáver” e demais pessoas que se encontravam no recinto com extrema violência e crueldade característica dos covardes.
“A não violência e a covardia não combinam. Posso imaginar um homem armado até os dentes que no fundo é um covarde. A posse de armas insinua um elemento de medo, se não mesmo de covardia. Mas a verdadeira não violência é uma impossibilidade sem a posse de um destemor inflexível.” (Mahatma Gandhi)
Aquela família despedaçada pela perda do pai espera a sua volta que nunca mais será possível.
Os filhos que sempre o acompanhavam para comprar pão naquela padaria todos os dias, neste dia ficaram em casa, e nunca mais verão o pai. Triste realidade! Que mensagem estas crianças tiram deste evento? Quem cuidará delas na ausência do pai? Qual o reflexo deste momento no futuro deste inocentes?
“A violência destrói o que ela pretende defender: a dignidade da vida, a liberdade do ser humano.” (João Paulo II)
Enquanto isso o vendedor de cofres segue firme em sua rotina de trabalho, buscando como pai de família o sustento dos seus filhos, num mundo distorcido e cheio de maldade. Onde nem sempre se valoriza a vida. Usar cofre para guardar dinheiro é como manter a tradição de puxar carros de boi, um esforço muito grande para pouca recompensa. Uma carga pesada (literalmente). Um esforço magistral para continuar a tradição.
“Há sonhos que devem permanecer nas gavetas, nos cofres, trancados até o nosso fim. E por isso passíveis de serem sonhados a vida inteira.” (Hilda Hilst)
Não seria mais seguro guardar o dinheiro nos bancos em vez de cofres domiciliares? Ou teriam os cofres outro objetivo senão apenas o de guardar dinheiro?
“O cofre do banco contém apenas dinheiro. Frustrar-se-á quem pensar que nele encontrará riqueza.” (Carlos Drummond de Andrade)
Os comerciantes que insistem na venda destes artefatos têm o meu respeito e admiração por manterem a tradição e principalmente pela persistência, determinação e resiliência para avançar no futuro mantendo a essência do passado num mundo em constante evolução.
“Mudar, com a esperança de uma constante evolução. Cada mudança é apenas o próximo passo, de algo que virá!” (Leo Ferreira)
Os cofres podem guardar uma tradição além de dinheiro. Talvez o cofre represente a segurança e a esperança que precisamos para continuar acreditando num mundo melhor para os nossos filhos, netos, bisnetos, onde se possa guardar a vida, alimentar a alma de esperança e fé, amar sem medida e semear a paz para as futuras gerações. Reprimindo a violência e transbordando amor ao próximo com “ o cofre cheio de sabedoria” para semear a alegria e felicidade em todos os recantos do mundo.
“Imagine uma nova história para sua vida e acredite nela.” (Paulo Coelho)
P.S. O Fato é real, mas a foto é ilustrativa e não retrata o veiculo, avenida e cidade descritos no texto.