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PI-RI-TA (Resenha do livro “Ouro de Tolo”)

Por José Carlos Castro Sanches

Site: www.falasanches.com

Nos dois dias que antecederam esta data, detive-me na leitura prazerosa do livro de um amigo de longas datas e confrade da ALMA. Trata-se de um romance que retrata a vida de Matilda, uma garota sonhadora que, em busca de oportunidades de crescimento profissional e sustento para sua mãe e irmã, decide deixar o conforto do ninho materno e partir para uma aventura solitária em Curionópolis.

Algumas passagens da obra refletem a depreciação de uma jovem moldada pela necessidade e pelo desejo de prosperar em um mundo corrompido, onde pessoas doentes são capazes de subjugar o próximo em detrimento do lucro. Eis algumas considerações sobre a obra “Ouro de Tolo”, do autor Jáder Cavalcante.

A narrativa instigante e criativa, com mudanças de rumo surpreendentes a cada página, induz o leitor a seguir a metamorfose de Matilda. O reencontro de Matilda/Paloma com o pai é marcante, especialmente quando ele a aconselha: “Junte-se a eles, mas não se misture” (p.232). As dúvidas: “Será que esses seres imundos já foram meigas crianças inocentes um dia?”(p.94)

“Matilda virou Paloma, pomba em espanhol, símbolo da liberdade” (p.134). Sofreu o pão que o diabo amassou: “Tudo é uma questão de adaptação” (p.139). “A crescente degeneração moral de Paloma naquele meio decadente era assombrosa” (p.187).

Vagno, um homem sem escrúpulos, rude e sem princípios, apesar de aparentar o contrário, seduzia suas vítimas com astúcia: um cordeiro com coração de lobo. Era educado, sedutor e galanteador, mas sem sentimentos e com um apego excessivo aos rendimentos do seu negócio, herdado do pai.

“Matilda submergiu no poço da degradação” (p.246). Revoltou-se ao descobrir o real intento de Vagno, o cafajeste dono da boate onde trabalhava, por quem se apaixonara. Da cidade piauiense de Floriano para Curionópolis, na boate Luminosa, ela se transformou, deteriorando sua vida e seus sonhos de ser professora, tragados pela prostituição.

Matilda foi moldada física e psicologicamente para se adequar à realidade em que se inserira, como disse o autor. Assim somos nós, por isso devemos ser vigilantes e ativos em combater os desvios que podem levar a lugar nenhum.

As reflexões apresentadas na obra me levam a pensar que pessoas, grupos, entidades e empresas que não agregam valor à nossa vida devem ser descartados a tempo, antes que seja tarde! Prevenir é melhor do que remediar, pois muitas vezes não temos a chance de voltar atrás e retomar o caminho certo.

Floriano perdeu uma garota sonhadora, professora, boa filha, e Curionópolis produziu uma mulher endurecida e sem esperança. As escolhas erradas destruíram seus sonhos e sua vida. Os demônios que ela encontrou nos ambientes por onde passou a acompanharam enquanto ela viveu.

A trama envolvente e bem-estruturada proporciona atratividade à leitura, com uma gradação progressiva de suspense e surpresas que se sucedem ao longo da leitura, culminando em um final interessante que leva o leitor a deduzir que o meio realmente transforma o homem — como afirmou Rousseau —, elevando-o ou destruindo-o, rompendo paradigmas e desafiando o preconceito sobre a prostituição.

“Aquilo ali é ouro de tolo, pirita, como o pessoal daqui chama. Só parece ouro, mas não vale nada — esclareceu Samira. — Mas parece muito com ouro, como é que a gente vai saber que é ouro ou é pirrita? — Pirrita, não, menina: pi-ri-ta. É mais fácil chamar de ouro de tolo mesmo. — Sim, e como é que eu vou saber a diferença? — Pelo tamanho. Quando te derem uma pedra grande demais, pode desconfiar, deve ser ouro de tolo.” (p.189). Recomendo a leitura!

São Luís, 9 de maio de 2025.

José Carlos Castro Sanches.

É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Literária do Maranhão, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências, da Academia Vianense de Letras e da Academia de Ciências, Letras e Artes de Presidente Vargas. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de amor e liberdade.     

Autor dos livros: Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das Coisas que Vivi na Serra Gaúcha, Me Leva na Mala, Divagando na Fantasia em Orlando e O Voo da Poesia. Coautoria em diversas antologias brasileiras.

NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS09.05.2025. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.

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