Por José Carlos Castro Sanches
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Lopes Bogéa, ou João Batista Lopes Bogéa, nasceu em 24 de junho de 1926, no pequeno lugarejo de Jericó, município de Guimarães, no interior do Maranhão. Sua vida foi marcada por uma paixão inabalável pela música, pela literatura e pela cultura maranhense.

Com um ano de idade foi levado para a cidade de São Luís, para ser criado por uma tia. Estudou nos colégios Sousândrade, Maristas Champagnat e Ateneu Teixeira Mendes. Posteriormente, ingressou na Escola Técnica de Comércio, do Centro Caixeiral. Trabalhou com o pai na vidraçaria São João Batista. Em 1953, terminou o curso de contabilidade e começou a lecionar. Publicou, às próprias custas, os livros “À Luz de um novo dia”, em 1976, “Prosopopéia”, em 1979, “Pregões de São Luís”, em 1980, “Pedras da rua”, em 1988, e “Quadriculando”, em 1993. Em 1973, recebeu uma medalha de prata e um diploma do Ministério da Aeronáutica, por ocasião do centenário de Santos Dumont, para quem compôs o hino “O pai da aviação”.

Desde cedo, Lopes Bogéa demonstrou um talento especial para contar histórias. Seu estilo alegre e criativo de narrar as peripécias do cotidiano em forma de contos engraçados conquistou o coração de muitos maranhenses.

Como jornalista e compositor, Lopes Bogéa deixou um legado importante para a cultura maranhense. Suas composições musicais, que misturam ritmos locais como o carimbó e o coco com o samba e o baião, são consideradas extremamente férteis, porém obscuras.


Suas composições foram gravadas por artistas maranhenses, como Antonio Vieira e o grupo Cobra do Norte, e por Ari Lobo. Iniciou-se no radialismo como radioescuta da Rádio Timbira do Maranhão, da qual foi diretor artístico de 1966 a 1973. Foi colaborador do Jornal Pequeno. Foi conselheiro da Ordem dos Músicos do Maranhão. Em 1954, compôs sua primeira música “Manchete de jornal”. Em 1962, Ari Lobo gravou, pela RCA Victor, “350 anos de São Luís”, parceria com João do Vale. No ano seguinte, o mesmo Ari Lobo gravou “Papai Noel do rico e do pobre”, em LP CBS. Embora não tivesse formação musical formal, em 1964, regeu o Sexteto Musical e a Orquestra São Luís, com o apoio do pianista Ribamar Costa Filho. Em 1966, seu frevo “É pra valer” tornou-se o hino do Casino Maranhense. Em 1972, o coco “Romeiro” foi gravado por Ari Lobo, no LP “Piedade Senhor”, da gravadora Som / Copacabana. Dois anos depois, Ari Lobo gravou o baião “Balaio de Guarimã”, com Antônio Vieira, em LP da gravadora Som/Copacabana. Em 1975, compôs o samba “Obrigado Salgueiro”, agradecendo a Joãozinho Trinta, pela homenagem ao Maranhão, com a qual o Salgueiro tornou-se campeão do carnaval carioca naquele ano. Em 1976, a Escola de Samba Flor do Samba, cujo nome foi por ele escolhido sagrou-se campeã do carnaval de São Luís, com o enredo “Aquarela do Brasil”. Em 1978, o samba “A gente e o mar” foi gravado por Nonato, no LP “No balanço jovem de Nonato e seu conjunto” da RCA Camden. Em 1986, gravou “Encruzado”, de sua autoria, no compacto “Velhos moleques” da Sotaque Produções / MUS que contou ainda com as participações de Cristóvão Colombo, Agostinho Reis e Antônio Vieira. Em 1988, os textos musicais do livro “Pregões de São Luís” foram gravados em LP, que seria relançado em 1998, em forma de CD, com o título de “Pregoeiros”, com arranjos do maestro Ubiratan Souza, com destaque para faixas como o samba-maxixe “Pião”.

Lopes Bogéa foi um homem de muitos talentos e paixões. Além de ser um compositor e escritor talentoso, ele também foi um radialista e um diretor artístico. Sua contribuição para a cultura maranhense é imensurável, e seu legado continua a inspirar novas gerações de artistas e escritores.


Em 2007, o selo Saravá Discos, do cantor e compositor Zeca Baleiro, produziu uma homenagem ao compositor maranhense no CD tributo “Balançou no congá”, que contou com gravações do próprio autor em algumas faixas, como “Balaiei sim” nas quais foi acompanhado pelos violões de Zeca Baleiro e Swami Jr. e também com as participações especiais de Germano Mathias em “Eu sou do apartamento aqui de baixo”, Beth Carvalho em “Sambista de fato”, Rita Ribeiro em “A gente e o mar”, Genival Lacerda em “Encruzado” e Alcione em “350 anos de São Luís”, parceria com João do Vale. Também estão incluídas no disco as faixas “Balançou no congá”; “O gato ladrão (Vinheta)”; “Siricora”; “Produto de gafieira”; “Sapoti” e “Marieta”, na voz do próprio autor, além de “Balaio de Guarimã”, com interpretação de César Teixeira e Josias Sobrinho; “Minha companheira” interpretada por Zeca Baleiro; “Mimo cheiroso”, por Tião Carvalho; “Papai Noel do rico e do pobre”, por Chico Saldanha, e “Produto de gafieira”, por Criolina. Deixou cerca de 300 composições a maioria delas inéditas.


Lopes Bogéa faleceu em 13 de dezembro de 2004, mas seu espírito e sua obra continuam a viver na memória e no coração dos maranhenses. Ele será sempre lembrado como um dos maiores contadores de histórias do Maranhão, um homem que soube capturar a essência da cultura maranhense e transmiti-la de forma alegre e criativa.

As informações acima foram obtidas a partir de fontes diversas, conversas com familiares e amigos, refletem a criatividade, o dinamismo e a diversidade artística e cultural do jornalista, escritor, poeta e compositor Lopes Bogéa homenageado nesta crônica.

São Luís, 06 de fevereiro de 2025.
José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Academia Literária do Maranhão, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes, da Academia Vianense de Letras e da Academia de Ciências Letras e Artes de Presidente Vargas. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de amor e liberdade.

Autor dos livros. Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das Coisas que Vivi na Serra Gaúcha, Me Leva na Mala, Divagando na Fantasia em Orlando e O Voo da Poesia. Participa de diversas antologias brasileiras.

NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS06.02.2025. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.





Maria de Jesus(Juju)
12 de fevereiro de 2025 at 10:03
Bom dia!
Confrade Sanches tive o prazer de conhecer Lopes Bogea em minha casa em Viana, pois o mesmo ia minha a Viana. Tenho uma poesia que o mesmo fez homenageando Viana.
Lopes Bogea era muito alegre, divertido e brincalhão
sanches
12 de fevereiro de 2025 at 13:29
Olá Maria de Jesus, aprecio os seus comentários, especialmente por saber da sua proximidade com Lopes Bogéa. Que tal você divulgar a poesia que ele deixou com você neste site falasanches.com – se você me enviar farei a divulgação e citação do seu nome com um texto seu explicando como ocorreu o fato. Forte abraço, José Carlos Sanches. P.S. Você pode enviar as informações para o meu zap (98) 9 8135 9372.