Por José Carlos Castro Sanches
Site: www.falasanches.com
“Borboletas são provas incontestáveis de que a metamorfose nos conduz para caminhos surpreendentes e mágicos.” (Iara Schmegel)
Esta crônica levará o leitor a perceber que mesmo nos momentos de dificuldade, incerteza e medo, surgem as oportunidades que permitem mudanças inesperadas e importantes em nossa vida. A águia se recolhe para sair renovada e a lagarta que imaginava ter acabado o mundo vira borboleta.
Estou repensando a vida e realizando coisas que antes nunca tinha feito e reavaliando práticas e atitudes que agregam valor para o meu crescimento pessoal e profissional.
“A lagarta que teme a metamorfose jamais plainará como uma borboleta leve no azul do ar. A flor que receia o desgaste nunca atingirá a semente que a perpetua.” (Flor da Vida)
Vivo num processo contínuo de metamorfose para ser um homem melhor, uma pessoa mais humana e sensível, um indivíduo mais fraterno e solidário, um marido mais parceiro nas atividades domésticas, um pai e avó mais presente na vida dos filhos e netos, um filho e irmão mais contíguo.
Enfim, estou me tornando mais gente, visto que tenho absoluta certeza de que o homem não é uma ilha, nem nasceu para viver prisioneiro na caverna. Precisamos ter pessoas ao nosso lado para dar sentido à vida, do contrário nada tem valor.
“A alma é uma borboleta… há um instante em que uma voz nos diz que chegou o momento de uma grande metamorfose…” (Rubem Alves)
Metamorfose significa mudança, é a transformação de um ser em outro. De uma forma em outra. No sentido figurado metamorfose é a mudança considerável que ocorre no caráter, no estado ou na aparência de uma pessoa. É a transmutação física ou moral.
Tive a ideia de escrever sobre esse tema porque durante anos adotei o hábito tirar a barba ao amanhecer, antes de ir para o trabalho ou sair de casa. Por alguns dias experimentei deixar a barba crescer, dias depois me percebia com cara de doente – então, cortava os pelos do rosto e voltava à aparência agradável aos meus olhos.
Tudo não passava de ilusão porque eu continuava sendo a mesma pessoa, sadia ou doente, bonito ou feio, barbudo ou pelado, apenas me percebendo diferente ao espelho porque criei uma referência do belo e atraente, para agradar mais aos outros do que a mim mesmo. Parece até que vivemos sempre em busca da aprovação e consentimento das outras pessoas. Não é verdade?
Durante alguns minutos enquanto eu caminhava refletia que às vezes precisamos ser feios para nos tornarmos bonitos, outras precisamos sofrer a solidão para valorizar a liberdade, por vezes é necessário esvaziar o pote para perceber que existe sujeira no fundo, assim como a águia precisa de reclusão para trocar o bico, nós precisamos de novas experiências para nos tornarmos sábios.
Por isso me arrisco a quebrar protocolos e ser diferente, romper com os paradigmas do politicamente correto, elevar a minha mente para um novo patamar de pensamentos. Quando saio da clausura liberto-me das correntes que me aprisionam ao nada e passo a visualizar um novo horizonte belo, que antes, não era visto – porque eu não me permitia vê-lo.
A história conta que a águia, quando se torna velha, voa para o alto de uma montanha e toma a decisão de arrancar o próprio bico, penas e garras para se renovar e viver por mais algumas décadas. Nesse processo fica dezenas de dias sem se alimentar. Assim, vejo esse momento de metamorfose pelo qual estou passando para tornar a minha vida mais prazerosa e ter a oportunidade de reavaliar atitudes, comportamentos e valores essenciais.
O tempo e a distância das pessoas que amamos nos faz perceber o que realmente importa, o que vale a pena. Lembrei-me que a borboleta, que foi lagarta, para chegar ao seu estágio final de beleza e liberdade passou por um ciclo de quatro fases: o ovo, a larva, a pupa (também chamada de crisálida) e a adulta. Como disse Day Anne: “Somos borboletas de Deus! Passamos pelo apertado e sufocante casulo, mas a metamorfose nos transforma em seres ainda mais belos.”
Fiz algumas reflexões. Não tinha o hábito de ligar para a minha mãe, às vezes passava meses sem nenhum contato, apenas envolvido com os compromissos profissionais e literários. Agora passei a ligar ou trocar mensagens semanalmente; nunca havia falado com o meu pai pelo telefone, porque ele é surdo, recentemente conversamos por duas vezes.
Até a surdez do meu pai melhorou para poder me escutar, certamente porque isso é uma novidade e o faz feliz. Ainda preciso intensificar os contatos com os irmãos, filhos e netos, e aumentar a interação familiar para que embora distantes se fortaleça a conexão entre a família, base de uma sociedade equilibrada. É na família que encontramos amor, afeto, acolhida, segurança, aconchego, cuidado. A família nos ensina a exercer a compreensão, empatia, tolerância e, principalmente, respeito
No que se refere aos amigos nem todos se importam ou demonstram interesse em manter contato, mas faço a minha parte para lembrá-los que estou aqui, vivo e produtivo, embora distante continuo grato a todos pela oportunidade de convívio e aprendizado contínuo. Só sabe do valor dessa preciosa interação quem tem a chance de experimentar momentos especiais ao lado de grandes amigos, motivo pelo qual valorizo a amizade e a honra da familiaridade.
Enfim, eu poderia registrar inúmeras mudanças que ocorreram em minha vida nessa fase de intensa reflexão e ação transformadora. Todavia, tenho um sonho bem definido, e faço todo o possível para não parar no meio do caminho, farei o impossível para conquistá-lo, contudo quem decide os rumos da minha vida está acima de mim – peço ao soberano Deus que guarde a minha vida, dos meus familiares, dos amigos e dos brasileiros, afinal todos somos filhos D‘Ele e estamos à mercê da sua proteção. Que a sua benevolência nos permita viver dias de glória com saúde, paz e alegria.
Eu estou anestesiado pelo sonho e não percebo passar os dias, com foco centrado no objetivo. Deus sabe dos meus planos e da certeza que tenho: “ A distância entre sonho e realidade se chama ação”. Três coisas fundamentais fortalecem a minha crença no sucesso, são elas: a doação, o agradecimento e o perdão.
Doação é o que faço diariamente; agradecer é a essência da sabedoria e a maneira de dizer “obrigado” a quem fez e faz algo por mim, estou certo de que a contribuição de cada um me permitiu chegar até aqui e, por fim o perdão a quem me tem ofendido – esse é o meu maior desafio. Com dificuldade venço a indisposição para romper a inércia do perdão, porém, sigo a batalha superando a cada dia as adversidades e perdoando cada vez mais a quem me tem ofendido. Esse é um exercício diário com dizem Gary Chapman e Jeniffer M. Thomas no livro: “As cinco linguagens do perdão”. Que recomendo a leitura.
“Justo quando a lagarta achou que o mundo tinha acabado ela virou borboleta. ” (Lamartine)
Cada perdão é um alívio, é uma libertação. Assim vou flutuando entre as nuvens de bênçãos e a felicidade toma conta da minha vida. Me transformando num novo ser. Sendo o protagonista da minha própria metamorfose. Deus seja louvado!
“Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses.” (Rubem Alves)
São Luís, 14 de novembro de 2024.
José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Academia Literária do Maranhão, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes, da Academia Vianense de Letras e da Academia de Ciências Letras e Artes de Presidente Vargas. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de amor e liberdade.
Autor dos livros. Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das Coisas que Vivi na Serra Gaúcha, Me Leva na Mala, Divagando na Fantasia em Orlando e O Voo da Poesia. Participa de diversas antologias brasileiras.
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS14.11.2024. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.