Por José Carlos Castro Sanches Site: www.falasanches.com

Imagino Maquiavel inquieto no túmulo ao saber que o poeta e jurista Daniel Blume, reproduziu com maestria os seus ensinamentos na obra-prima “Cartas ao Neto: Versos maquiavélicos”, uma sátira poética que combina humor e crítica social, explorando a ironia e o sarcasmo para confrontar poder e hipocrisia, escrita com primor para encantar os leitores açorados por novidades.

Daniel de forma direta e reflexiva economiza palavras para traduzir com precisão as lições aprendidas no clássico “O Príncipe” de Maquiavel, somadas às experiências do cotidiano, especialmente as artimanhas políticas que se sucedem em nosso meio. Tendo como protagonista um avô político e conselheiro de um neto deputado, o enredo é repleto de reflexões poético-políticas, só lendo e sorvendo para crer.

O livro que foi prefaciado pelo poeta e crítico literário Antonio Aílton, com posfácio do poeta e doutor Rossini Corrêa, leva-nos do Maranhão para Brasília e desta para o mundo, numa divertida história em que o velho senador Lourenço, ensina as mazelas de um político experiente para o seu neto incipiente na arte da guerra política, tão bem contextualizada no enredo.

Daniel Blume, nascido em São Luís do Maranhão, é um jovem escritor talentoso, advogado militante no Brasil e Portugal, Procurador do Estado do Maranhão, Conselheiro Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, membro efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Internacional de Cultura, da Academia Ludovicense de Letras, da Academia Maranhense de Letras, do Instituto dos Advogados Brasileiros, autor das obras: Inicial, Penal, Resposta ao Terno, Delações, traduzidas para os idiomas espanhol, francês e italiano, além de “Cartas ao Neto: Versos maquiavélicos”, motivo desta resenha.

Na advocacia formou-se pela Universidade Federal do Maranhão, especializou-se em Processo e Direito Eleitoral pela Universidade Cândido Mendes, Mestre e doutorando em Ciências Jurídicas pela Universidade Autônoma de Lisboa. Ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, Representante da Ordem dos Advogados do Brasil no Conselho Nacional de Justiça, o cabedal de conhecimento do jurista-beletrista o credencia a sonhar, criar, inovar, voar e compartilhar um pouco da briosa experiência de vida.

Devo considerar a capacidade criativa de um poeta com humor satírico e admirável capacidade de simplificação, ao tornar público suas inquietações, levando o leitor à contemplação poética com um olhar crítico e sereno, empregando linguagem simples e profunda, ele busca o entendimento de um tema complexo usando metáforas, tendo como destaque os versos maquiavélicos.

Nicolau Maquiavel, foi filósofo, teórico, pensador político, historiador, diplomata, músico e escritor do Renascimento. Considerado o “Pai do Pensamento Político Moderno”, nasceu em Florença, Itália, no dia 03 de maio de 1469 e morreu também em Florença, aos 58 anos, no dia 21 de junho de 1527. O Príncipe é a principal obra de Maquiavel, publicado em 1532, cinco anos após a sua morte.

Além de Maquiavel, Daniel passeia no florido jardim poético entre as citações e referências de personalidades influentes: Sun-tsu, Greene, Clausewitz, César, Einstein, Bismark, Casanova, Nietzche, Nostradamus, Napoleão, Balzac, Puzo, Robert Green, Marx, Churchill, Herman Melville, Houdini, Lênin, Klubai Khan, El Chapo, Ricardo Almeida, Augusto do Anjos, José Chagas, entre outros.

De maneira discreta e precisa Daniel Blume descreve sem injúria o ponto de vista de um expectador sensível, inconformado e educado. Suspeito que ele tenha grande apego à máxima de Maquiavel: “Eu creio que um dos princípios essenciais da sabedoria é o de se abster das ameaças verbais ou insultos.” Com sabedoria apropriou-se do bom humor para traduzir verdades inquestionáveis.

Em “Cartadas ao Neto”, primeiro poema do livro – o avô apresenta ao neto, com mãos trêmulas e precisão cartesiana – a realidade política e, ensinamentos doloridos, porém antiéticos que refletem com clareza o cotidiano do poder sem pudor que dá vazão à falsidade e a mentira, vícios incorporados à rotina dos governantes.

É quase impossível ler “Cartas ao Neto”, sem ter o desejo de segui-la ou acreditar tratar-se de uma distopia. Creio na impossibilidade de encontrar a felicidade seguindo as lições maquiavélicas do Senador Lourenço, entre ser feliz e a ambição incontida pelo poder existe uma grande lacuna, instransponível, todavia há quem siga o caminho mais fácil para obter vantagens e inflar o ego, sem contrição. O Senador Lourenço, certamente é um desses.

Na concepção deste que vos escreve. “Cartas ao Neto”, é um grito de alerta, socorro…; uma espécie de desabafo, ao libertar-se da indignação passiva de forma bem-humorada, expressa no diálogo do avô com o neto, onde as ideias fervilham na velocidade da luz, enquanto o autor de forma inteligente brinca com as palavras, mansa e ardilosamente, sabendo onde quer chegar sem parecer ousado, tampouco pretensioso. Eis uma obra sem apelação e modismo para leitura rápida, construtiva e agradável.

Estou certo de que não foi por acaso que o autor adotou o subtítulo “Versos maquiavélicos”, como disse o mestre: “Há três espécies de cérebros: uns entendem por si próprios; os outros discernem o que os primeiros entendem; e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os primeiros são excelentíssimos; os segundos excelentes; e os terceiros totalmente inúteis.” É fácil perceber e a narrativa nos leva a crer, tratar-se de um raro exemplar de cérebro: criativo, conciso e assertivo.

Algumas passagens foram marcantes durante a leitura, entre elas: “Otimismo não muda fatos.” (p.43); “Seja por si um político anfíbio.” (p.44); “Seu pai foi seu primeiro inimigo.” (p.51); “Escrúpulo: Não conte idas / ao pensar na volta / desconte até dez / seja sem.” (p.54) – bela coesão e coerência textual; “Atalaia é um homem de palavra$ (p.78) – simplificação espetacular. “Engraçado: Danúbio Casebre não vale uma zanga.” (p.79); o autor provoca a libido com: “Acesa, Charme e Diagnose.” (p.83 a 85); “Na tempestade recolha as velas.” (p.87) – profundo; “Partidarismo.” (p.88) – boa crítica aos juízes partidários; “…idade mídia.” (p.89); “Escolha você seus inimigos.” (p.91); “Calda da Raposa.” (p.96 a 102); “Se quiser se arruinar opte pelo certo e não pelo fácil. Jamais siga em frente faça curvas.” – formação criativa, em que as letras da palavra “curvas” estão escritas em linhas seguidas formando uma curva e encerrando o poema “Calda da Raposa.” (p.102). Em tempo, deixo um lembrete aos leitores: as passagens citadas, não devem ser consideradas isoladamente, sem o entendimento do contexto.
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Cartas ao Neto é um livro que dá gosto de ler – ao iniciar a leitura quis fazê-la completa com brevidade – na velocidade do flash de um relâmpago. As lições instigantes afloram a curiosidade de leigos e doutos, fazendo-nos refletir sobre a vida com um olhar dissonante da visão dominante.
“Do lugar errado.” (p.111), eu pude refletir:

Coitado dos meus avós se ainda estivessem vivos e, do meu pai, porque acreditaram que a palavra tenha mais valor do que um documento escrito.
Triste de mim que também acreditei nesse conto de fadas e hoje sofro as consequências por ser um homem honesto, integro e ético, e continuar seguindo essa premissa ao ponto de educar os meus filhos com a mesma convicção dos meus antecedentes, ainda sigo com força, foco e fé, propagando diariamente mensagens e reflexões aos milhares de leitores do site falasanches.com, Instagram, LinkedIn, grupos de WhatsApp, entre outras mídias e livros publicados. Tenho que perseverar na crença de que vale a pena fazer o que é certo, diferentemente do Senador Lourenço, que foi vencido pelo sistema.

Permanecerei acreditando nos princípios e valores éticos e morais que norteiam a minha vida, apesar de reconhecer que estou fora de moda, remando contra a maré num mundo de cabeça para baixo, onde as virtudes enaltecidas desqualificam a família, cerceiam a liberdade, limitam as opiniões e crenças etc.
Quem sabe um dia eu possa colher os frutos das boas virtudes, sem usar das artimanhas maquiavélicas. É um grande desafio a enfrentar diuturnamente do Maranhão a Brasília e desta para o mundo, como disse o poeta Daniel Blume, que de maneira discreta pontua as fragilidades do poder pelo poder, sem constrangimento, moralidade e decoro. Como dito no verso “360º”: “A promessa do engodo é mudar para tudo ficar como está.” (p.114); Enquanto o avô reforça suas convicções ao neto: “ ! E não se esqueça! / Um antigo conhecido / pode se transformar / num estranho / num piscar de olhos / assim / não revele / a ninguém / todos os seus sentimentos / e intenções.” (p.126) e dá a cartada final: “… um acordo é para ser rompido.” (p.127)

De Sócrates a Maquiavel a escrita minimalista de Daniel Blume, ultrapassa o tempo e traz belas reflexões sobre o cotidiano com uma linguagem clara e reflexiva. Eu estou certo de que poderia ter contido a prolixidade diante do conciso escrito do poeta e, em vez disso ter usado do expediente lacônico para expressar com apenas uma palavra a minha conclusão após a leitura atenta de “Cartas ao Neto: Versos maquiavélicos”: “Fenomenal.”

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Como dito, dileto amigo e confrade Daniel Blume: “O fim justifica os meios”, ao tempo em que, na epígrafe do referido livro você bem diz: “Todos veem o que você parece ser, mas poucos sabem o que você realmente é.
Parabéns pela habilidade de aglutinação, abreviação, uso adequado da palavra certa; por pensar fora da caixa e tornar sua obra atrativa, de leitura agradável. Desejo pleno sucesso e realizações na jornada, continue voando alto além-mares, como um condor. Propague a boa literatura com humor, criatividade e amor.
Aproveito o ensejo para recomendar a leitura da obra-prima do escritor, poeta e jurista Daniel Blume. Com vocês: Cartas ao Neto: Versos maquiavélicos. Edição limitada, vá correndo adquirir o seu exemplar, antes que seja tarde demais. O tempo voa! Boa leitura e reflexão!

São Luís, 05 de abril de 2024 José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes e Academia Vianense de Letras. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de liberdade.

Autor dos livros: Tríade Sancheana – Colheita Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das coisas que vivi na serra gaúcha, Me Leva na mala e Divagando na Fantasia em Orlando. Participa de antologias brasileiras.

NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS05.04.2024. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.

FONTE DA IMAGEM: ARQUIVO PESSOAL


