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Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

VOLTEI PARA O MESMO LUGAR!

José Carlos Castro Sanches

“É inútil esperar que algo mude se continuarmos voltando para o mesmo lugar. Os dias passam, mas às vezes somos nós que não passamos. ” (Sean Wilhelm)

Há alguns anos eu estava reunido em um lugar sombrio, desanimado e triste percebendo além das obrigações que me exigia o cargo e o momento, a distância entre todos que ali estavam naquela sala extensa e iluminada. Um ambiente arrumado, que parecia novo, após receber manutenção, quase completa, como se recuperasse o esplendor daquela escola secular.

Os professores centrados no plano escolar pareciam acreditar que o esforço serviria para aprimorar o processo ensino-aprendizagem e o desempenho dos alunos em sala de aula. Eu devia estar muito centrado na realidade ou com uma visão pessimista da educação brasileira que já não acreditava naquele plano feito isoladamente, individualmente, sem profundidade e com poucos fundamentos. Tudo parecia mais uma tarefa para “inglês ver”, como a abolição da escravatura no Brasil, por algum tempo.

Hoje voltei para o mesmo lugar, e me perguntei: será que a energia consumida para chegar até aqui justificaria o resultado do encontro?

“Não há nada como regressar a um lugar que está igual para descobrir o quanto a gente mudou. ” (Nelson Mandela)

Estou cansado da mesmice e da hipocrisia de fingir que a educação é uma preocupação dos governantes, diretores, professores, alunos e demais envolvidos nesse complexo sistema de interações comportamentais.

Será que: A escola está definhando na sua essência? Os fundamentos científicos são ilusões? O aprendizado para a vida é mero sonho? A teoria em excesso e a ausência da prática associada à realidade se perderam na imensidão do conhecimento abstrato e fantasioso de que ensinamos e aprendemos para a vida?

Será que a informática e a informação em demasia estão nos tornando loucos? E a escola por sua vez, juntamente com os professores perderam a hegemonia, autoridade soberana e liderança sobre os alunos?

A disponibilidade de informações de diversas fontes confiáveis ou não oferecida por copiosos meios de comunicação tornaram o conhecimento fácil e o professor dispensável; a presença do mestre se esvai como o vento que sopra da terra para o mar na Ilha de Upaon Açu e adjacências, se expandindo e ganhando força pelo Brasil e mundo afora. Agregado ao vento, seguem a educação, os professores e os alunos sem rumo e sem direção.

Fiquei a pensar, não fosse a indecisão, a falta de foco concentrado, a iniciativa e a determinação para aprender da maioria dos alunos, nestes tempos modernos da era da informação, não mais se justificaria a existência dos professores em sala de aula. Porque a educação, como o vento e o conhecimento não tem limites nem fronteiras e estão disponíveis em todos os lugares.

Seja lá o que for não desanimem meus colegas professores, guerreiros destemidos e virtuosos. O que descrevi nestas poucas linhas carregadas de desencanto foi apenas o desabafo de um professor que está fora da sala de aula por quase 12 meses, refém da pandemia do coronavírus, no cativeiro doméstico que me afastou dos alunos. Por essa razão percebi que a vida distante e solitária do professor é um sinal de que a educação está tomando rumo ignorado. Ao sabor do vento, sem lenço, sem documento.

Até onde vamos chegar não sei! A única certeza que tenho é que ministrando aulas remotas, usando uma tecnologia que tenho pouco domínio, e a bem da verdade abomino, não sinto o mesmo entusiasmo de outrora quando estava na sala da aula ao lado dos alunos.

A internet pode ser útil e complementar, porém me afasta das pessoas e isso maltrata. Não me julgue pela transparência, por mostrar-me tal como sou sem segredos, sem antes conhecer a minha história e as razões pelas quais escrevo. Viva a liberdade de expressão! Liberdade essa que atualmente passa pela censura do Supremo Tribunal Federal – STF, mais alta instância do poder judiciário brasileiro, que deveria ser exemplo no cumprimento da Constituição da República Federativa do Brasil, mas não é.

 “Tenho dúvidas se quando voltar tudo estará no mesmo lugar. Não sei o que a distância, o tempo e a ausência podem derrubar ou solidificar. Mas aquilo que tem que ser, meu amigo, inevitavelmente será. ” (Danielle Moscatelli)

São Luís, 17 de fevereiro de 2021

José Carlos Castro Sanches

É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense. Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras – ALPL

Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, A Vida é um Sopro, Gotas de Esperança e outros dez livros inéditos. Visite o site: falasanches.com e a página Fala, Sanches (Facebook) e conheça o nosso trabalho como escritor, cronista e poeta. Adquira os Livros da Tríade Sancheana, composta pelos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou, na Livraria AMEI do São Luís Shopping ou através do acesso à loja online www.ameilivraria.com.

NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS17.02.2021. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual amparado pela lei nº 9.610/98 que confere ao autor Direitos patrimoniais e morais da sua obra.

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