Por José Carlos Castro Sanches
Queria escrever algo
De cabeça para baixo
Queria poder inverter as letras
Trocar a ordem das palavras
Mudar os parágrafos
Sublimar as vírgulas, os pontos
Inverter as interrogações
Esquecer as exclamações
Queria poder escrever
Com os pés para cima
E a cabeça para baixo
Ver os versos pelo avesso
As rimas, sem rimas
As estrofes sem sentido
Soltas, leves, penduradas
De cabeça para baixo
Escrever um poema
De baixo para cima
Balançando na emoção
Flutuando na criatividade
Embebido na inspiração
A alma repleta de luz
Com os pés para cima
E a respiração ofegante
Pela posição inadequada
De um corpo imerso na cruz
O verbo seria divino
O adjetivo imortal
O pronome indefinido
O substantivo imparcial
Eu seria apenas um ser
Humano, sereno e mortal
Escrevendo de cabeça
Para baixo
Parecendo uma estrela
Brilhante
Pendurada numa árvore (naquela árvore)
No fundo do meu quintal (Do fundo )
Eu, ali, pendurado
Te vendo alarmado
Sem ser morcego
Enquanto estrela me vejo
Balançando no meu sossego
De cabeça para baixo
Por Deus, sendo abençoado.
Gloria ao pai pela vida
Com os pés para cima
Me vejo alegre (Escrevo alegre) este poema
Enquanto persiste a dúvida
A expectativa me fascina.
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.
Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras – ALPL
São Luís, 27 de junho de 2020.
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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está
licenciada com a licença JCS27(2).06.2020. Você pode copiar, distribuir,
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